O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu, esta quinta-feira, a criação de um tribunal especial para julgar a agressão russa contra o seu país, após uma visita ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia.
Corpo do artigo
"Deve haver responsabilização" pelos crimes de agressão, que são o "início do mal", declarou Zelensky num discurso a diplomatas e outras autoridades, referindo-se à invasão do seu país pela Rússia em fevereiro de 2022.
O Presidente ucraniano pediu ainda "justiça em larga escala" e não uma "impunidade híbrida".
"Esta só pode ser aplicada pelo tribunal", argumentou, apesar de o TPI não ter competências para julgar a Rússia por crimes de agressão, já que o país não é signatário do Estatuto de Roma.
O Presidente russo, Vladimir Putin, "merece ser condenado pelas suas ações criminosas", disse o líder ucraniano.
O TPI emitiu dois mandados de prisão em meados de março, um contra Putin e outro contra Maria Lvova-Belova, comissária presidencial russa para os direitos da criança, pela suposta deportação ilegal de crianças e a sua transferência de áreas ocupadas da Ucrânia para a Rússia, o que poderia constituir um crime de guerra.
O líder ucraniano também insistiu que é preciso procurar a verdadeira justiça e que "decisões ousadas" são necessárias para corrigir as deficiências do direito internacional.
"É nossa responsabilidade histórica" tornar possível a punição do crime de agressão para evitar novas guerras, sublinhou.
O Presidente ucraniano chegou na manhã de hoje à sede do Senado holandês, em Haia, onde foi recebido pelo seu presidente, Jan Anthonie Bruijn, e pela presidente do Parlamento, Vera Bergkamp.
A visita de Zelensky coincide como o Dia da Memória, que recorda os mortos na Segunda Guerra Mundial, no qual estão previstos vários eventos, o mais importante dos quais na Praça Dam, em Amsterdão, embora não tenha sido confirmado se o Presidente ucraniano terá algum papel nestes atos.
Zelensky aterrou na noite de quarta-feira no aeroporto Schiphol de Amsterdão num avião do Governo holandês, depois de ter viajado para Helsínquia para se encontrar com os líderes da Finlândia, Dinamarca, Suécia, Noruega e Islândia.
Além disso, alguns membros do Governo holandês viajaram para Kiev em diversas ocasiões desde o início da guerra para se reunir com Zelensky e outras autoridades ucranianas.
Os Países Baixos apoiaram a Ucrânia com armas, dinheiro e tecnologia, além de treinar soldados ucranianos. O Governo holandês mobilizou cerca de 2.500 milhões de euros este ano para apoiar a Ucrânia. Em sua maioria, esses fundos destinam-se a dar apoio militar a Kiev, comprando diretamente material da indústria de armas.