Greta Thunberg participou esta sexta-feira num debate na COP25, em Madrid, antes de marchar com milhares de outros jovens pela capital espanhola. A ativista sueca de 16 anos afirmou que é apenas "uma pequena peça do movimento" pelo clima e que é preciso que haja "mais ativistas", porque "parece que os líderes mundiais ainda não perceberam a urgência" da crise.
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"[Os políticos] não devem dar mais ouvidos a mim do que a outras pessoas. Sou meramente uma ativista pelo clima, uma pequena peça do movimento. Precisamos de mais ativistas. Mas acho que é muito importante perceber-se que devemos ouvir os outros. Por isso peço que façam perguntas também aos outros que estão no palco, não só a mim", respondeu Greta aos jornalistas durante o debate na conferência, acompanhada por outros três jovens ativistas.
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"É muito importante incluir a justiça ambiental quando falamos de justiça social. É a base de todas as outras justiças, por isso tem de ser incluída", disse a jovem sobre as manifestações no Chile.
Sobre a importância da conferência para a luta pelo clima, a ativista disse: "Espero sinceramente que a COP25 leve a algo concreto e a um aumento de consciencialização das pessoas. Que os líderes percebam a urgência desta crise climática, porque parece que ainda não perceberam. Estamos a fazer os possíveis para garantir que não possam ignorar mais isto".
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"Vamos fazer os possíveis para evitar as piores consequências. Para todos os que não estão presentes nesta conferência, tenho a dizer que a COP25 é um evento intercalar, porque o grande evento será a COP26. Mas a COP25 não é uma coisa secundária, devemos aproveitar todas as oportunidades que nos são dadas para melhorar a situação."
Sobre as críticas de políticos como Donald Trump, Greta afirmou que "algumas pessoas querem manter o 'status quo', que as coisas fiquem como estão, têm medo de mudanças. Mudança é o que queremos. Estão a tentar tudo por tudo para nos calar, porque não querem abdicar da ganância. É importante perceber que as vidas são mais importantes que o dinheiro. Vamos ter os grandes poluidores a vir para o nosso continente, ao fim ao cabo trazem a destruição. Mas não nos vão silenciar."
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"Já estamos a fazer greve há mais de um ano, mas no fundo não aconteceu nada. A crise climática continua a ser ignorada por quem está no poder e é insustentável que as crianças continuem a faltar às aulas. Não podemos continuar a fazê-lo. Não podemos esperar mais, não podemos deixar que pessoas continuem a morrer por causa das alterações climáticas", afirmou a jovem de 16 anos sobre as greves dos jovens às aulas.
"Penso que conseguimos muito, como consciencializar o público e criar opinião. Mas não chega. As emissões de CO2 estão a aumentar. Não há uma vitória, porque só queremos ver ações e não há ações concretas. Já conseguimos muito, é verdade, mas se olharmos de um ponto de vista maior, não conseguimos nada", concluiu.
A jovem sueca, que iniciou em 2018 um movimento de greve às aulas todas as sextas-feiras contra o aquecimento global, participa esta sexta-feira à tarde na Marcha pelo Clima, que se realiza na capital espanhola à margem da COP25.