Mesut Özil anunciou, este domingo, que não vai voltar a jogar pela seleção alemã e explicou, num longo comunicado publicado nas redes sociais, os motivos que levaram à saída.
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Segundo a explicação do médio ofensivo, que alinha pelo Arsenal, na base da decisão está uma fotografia, tirada a 13 de maio, em que Özil surge ao lado do presidente turco, numa altura em que Recep Tayyip Erdogan se encontrava em campanha eleitoral.
A imagem deixou o "Feiticeiro de Oz" debaixo de fogo na Alemanha antes do início do Mundial da Rússia, de onde os germânicos não passaram da fase de grupos. De acordo com a agência de notícias Efe, a fotografia foi interpretada como uma manifestação de apoio à campanha pela reeleição de Erdogan, que mantém uma relação de tensão com Angela Merkel, chanceler da Alemanha, onde cerca de 3,5 milhões de habitantes têm descendência turca.
Özil, filho de pais turcos imigrados na Alemanha, defendeu agora que negar o encontro com Erdogan teria sido desrespeitar as próprias raízes, acrescentando que, além de não se arrepender de ter tirado uma fotografia, voltaria a repetir o momento com o chefe de Estado turco no futuro. "Para mim, tirar uma foto com o presidente Erdogan não tem nada a ver com política ou com eleições, tem a ver com respeito pelo responsável máximo do país da minha família", defendeu, justificando que o "racismo" de que diz ter sido vítima é um dos principais motivos para o adeus à seleção.
Numa outra fotografia, também o alemão Ilkay Gündogan, convocado para o campeonato do mundo, aparecia ao lado de Erdogan. As críticas acompanharam os jogadores durante o Mundial e ganharam força depois da eliminação precoce da seleção, que defendia o título de campeã do Mundo, depois de ter vencido a Argentina por 1-0 em 2014.
O dirigente da seleção, Oliver Bierhoff, e o presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Reinhard Grindel, chegaram a recriminar os jogadores por não terem explicado a fotografia antes do Mundial. As críticas não caíram bem ao arsenalista, que não gostou do "tratamento" que recebeu da parte do dirigente, que se terá mostrado "mais interessado em falar sobre as suas crenças políticas", quando confrontado com a "herança cultural" de Özil.
"Não vou continuar a ser um bode expiatório para a incompetência de Grindel. Sei que me queria fora da equipa depois daquela fotografia e disse isso mesmo nas redes sociais, mas Joachim Low (selecionador alemão) defendeu-me. Aos olhos de Grindel, sou alemão quando vencemos e um imigrante quando perdemos", atirou, manifestando-se "indesejado" na seleção.
"É com pesar e ao fim de muita consideração que anuncio que, devido a estes acontecimentos, não vou voltar a jogar pela Alemanha a nível internacional, pelo menos enquanto tiver este sentimento de racismo e desrespeito", rematou, acrescentando que o "orgulho" e o "entusiasmo" que sentia ao vestir a camisola alemã desapareceram.
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