Além do arquiteto José Carlos Nunes Oliveira, que desenhou a nova travessia de metro entre Porto e Gaia, o debate sobre "Pontes para a mobilidade", inserido na Grande Conferência de Aniversário do JN, "135 anos a criar pontes", juntou, na tarde desta sexta-feira, dois especialistas com formação em Engenharia Civil: Paula Teles, que preside ao Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, e Paulo Pinho, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
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A especialista em mobilidade Paula Teles sublinhou que "é necessário, obrigatório, que Porto e Gaia desenvolvam um plano de mobilidade sustentável". E frisou: "Precisamos que os dois territórios abracem a ponte através da rede e mobilidade sustentável". "A ponte não chega. Precisamos que os dois territórios, do lado de Gaia e do Porto, estejam em sintonia e arrastem uma rede efetiva de modos suaves", realçou Paula Teles. "Precisamos que haja um planeamento concertado, multidisciplinar, com uma visão holística, que não tem sido feito no país. Somos um país muito habituado a fazer obras e a planear zero", criticou a engenheira.
Paulo Pinho, professor catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), lembrou que, nas "últimas décadas, o aumento da mobilidade geral a nível do país e em particular na Área Metropolitana do Porto é enorme". O especialista defendeu que, mais do que construir infraestruturas, o problema da mobilidade resolve-se "reorganizando as cidades de tal forma que colocamos as pessoas na proximidade de bens e serviços". Na opinião do engenheiro civil, "só com densidade urbana conseguimos viabilizar redes de transportes". Por outro lado, sustenta o professor catedrático, "não basta atuar do lado da oferta de transportes públicos; temos de atuar do lado do automóvel, não no sentido de o diabolizar, mas de condicionar a sua utilização".
Autor do projeto da nova travessia de metro entre Porto e Gaia, o arquiteto José Carlos Nunes Oliveira participou no debate por videoconferência, e confessou que esta estreia na arquitetura de pontes foi "um desafio grande", sobretudo devido ao "sítio bastante sensível" onde a estrutura será construída.