Médico Varandas Fernandes reconhece que há crescimento de vítimas politraumatizadas.
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João Varandas Fernandes, diretor do Centro de Responsabilidade Integrado de Traumatologia Ortopédica (CRITO) do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), admite que o número de vítimas resultantes de acidentes com motas a chegar para tratamento tem crescido. No entanto, ainda não supera o aumento de sinistros de outra micromobilidade, como as trotinetas. A maioria dos sinistros acontece em meios urbanos e as lesões demonstram casos de excesso de velocidade e de equipamentos de segurança pouco eficazes.
O CRITO tem recebido vítimas de acidentes com motas? Se sim, quantas em média?
No Centro de Responsabilidade Integrado de Traumatologia Ortopédica, recebemos uma elevada percentagem de acidentados mono e politraumatizados da respetiva circunscrição territorial da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo e igualmente com bastante frequência da Região Sul do país. Em média, temos recebido 102 sinistrados nos últimos quatro meses. Houve um aumento de janeiro para abril de 82 para 112 entrados.
O número tem crescido face a outros meios de mobilidade e relativamente a anos anteriores?
Temos verificado que existe um crescimento do número de acidentados com motas e variados meios de micromobilidade. Dos registos apurados, há um aumento mais significativo com outros meios de mobilidade [do que as motas].
Quais os principais ferimentos e as lesões mais comuns das vítimas?
As lesões mais frequentes estão localizadas nas regiões anatómicas da bacia e dos membros inferiores. Os traumatismos cranianos, apesar de em menor percentagem do que os anteriores, apresentam relevância.
Sabe-se quais são as principais causas dos acidentes com motociclos? Ou o CRITO não tem esse registo?
Não temos informação necessária para uma conclusão definitiva. No entanto, perante os ferimentos e as lesões diagnosticadas, podemos entender relacionarem-se com equipamentos de segurança ineficazes e com excessos de velocidade.
As vítimas que chegaram ao CRITO tiveram acidentes em que tipo de estradas e estavam a exercer alguma atividade laboral durante a condução?
Na maioria dos sinistrados, pelo padrão das lesões observadas e pela faixa etária mais representativa, observa-se que existe um predomínio de acidentes urbanos e na periferia.