Escolas de condução reforçam que é preciso mais fiscalização e querem melhorias nos exames práticos.
Corpo do artigo
As pessoas que conduzem ciclomotores há vários anos e que se habilitaram, anos mais tarde, a conduzir motas com maior potência, são os que mais excedem o limite de velocidade, diz o diretor do centro de exames da Associação Portuguesa de Escolas de Condução (APEC). Já o presidente da Associação Nacional de Escolas de Condução (ANIECA) contesta o regime de habilitação, que permite aos condutores, consoante a idade, ter acesso a categorias de condução de motociclos, sem que alguma vez tenham tido formação.
"Os novos [condutores] não arriscam e são aqueles que, na maior parte dos casos, não caíram da mota. No início andam com mais cuidado. Os que já andavam de ciclomotor e tiraram a carta de condução para circular com uma mota mais potente vão esticar a corda", diz Ricardo Vieira, responsável da APEC. António Reis, responsável pela ANIECA, lembra que os condutores de automóveis ligeiros podem, a partir dos 25 anos, conduzir motociclos de categoria A1. Depois de dois anos, candidatam-se por autopropositura a exame prático à categoria A2. Dois anos passados, têm acesso à categoria A, isto se realizarem outro exame prático. Ficam dispensados da componente teórica.
O diretor do centro de exames da APEC acredita que o problema não está tanto nas escolas de condução, mas antes nos comportamentos de risco dos motociclistas, que só podem ser resolvidos com fiscalização. "Muitas vezes, diz-se: "comprei uma mota para fugir ao trânsito"", aponta Ricardo Vieira. Nas filas de trânsito, diz, as motas ultrapassam os carros na mesma via e, por vezes, os automobilistas são "apanhados desprevenidos". O embate entre veículos é uma das consequências.
Manobras por fazer
António Reis recusa que não seja ensinado o suficiente nas escolas de condução e defende uma "melhoria dos exames de condução", já que há várias manobras especiais, como fazer um "8" sem o apoio dos pés, que não são suficientemente examinadas. O presidente da ANIECA afirma faltar um "espaço fechado" para que os candidatos façam as manobras, antes de circularem nas estradas. "Muitas vezes nos exames tenta-se fazer as manobras, mas depois não se pode demorar muito tempo por se estar a perturbar o trânsito", diz.
Inspeção de motas avança no próximo ano
A inspeção de motociclos, triciclos e quadriciclos com cilindrada superior a 125 centímetros cúbicos avança a 1 de janeiro de 2024, segundo o decreto-lei n.o 29/2023, de 5 de maio. Os novos veículos só fazem a avaliação cinco anos após a data da primeira matrícula. Depois, a inspeção será feita de dois em dois anos.