Não há aulas esta sexta-feira na esmagadora maioria das escolas do concelho de Bragança e na maior parte das do distrito. A Plataforma Sindical estima uma adesão à greve dos professores "a rondar entre os 90 e os 95%", referiu Carlos Silvestre, durante um protesto na Praça da Sé, em Bragança, cidade que juntou dezenas de profissionais em forma de luta pelo atual estado da carreira.
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"Temos escolas sem aulas, como Macedo de Cavaleiros, Vinhais, Vimioso. Pode haver alguma atividade letiva, mas é um educador ou dois. É residual e está relacionada com a avaliação dos docentes. Alguns não podem estar em greve e nesta manifestação porque estão a ser observados para progredir na carreira", descreveu Carlos Silvestre.
Na escola de Alfândega da Fé o estabelecimento de ensino vai estar sem aulas por causa da greve dos professores e dos funcionários da cantina.
Segundo as contas da Plataforma Sindical, em Carrazeda de Ansiães a adesão ronda os 90% e em Vila Flor anda pelos 70%, Macedo de Cavaleiros e Vinhais estão a 100%, Miranda do Douro a 99%, Mogadouro está a 90%, Bragança anda pelos 95%.
Os professores prometem continuar a luta pelos seus direitos. "São problemas que se arrastam há pelo menos 20 anos e as coisas não mudam. Mudam os governos e as políticas e fica tudo igual", afirmou Carlos Silvestre daquela Plataforma Sindical, que junta vários sindicados, desde o SPN, o SPZN o SPLEU e o STOP.
Os professores de Bragança alegam os mesmos problemas que os demais profissionais a nível nacional, como o tempo de serviço que não é contado, as carreiras que não são reconhecidas, a contratação que pode passar para os municípios. "Os concursos dos professores são a coisa mais transparente que sempre houve e queremos que assim continue", explicou Carlos Silvestre, enumerando ainda as questões da mobilidade por doença. "Se um médico diz que um professor está doente quem é o Ministério da Educação para dizer que não. É preciso reduzir o número de alunos por turma", vincou.
Em Bragança, os professores têm outros problemas mais particulares como a mobilidade por doença. "As pessoas não têm as mesmas condições que têm em Lisboa e no Porto, não é a mesma coisa estar num sítio onde há hospitais, centros de saúde e médicos, e nós estamos afastados. Às vezes, temos 30 alunos numa turma. Se há tantos professores onde é que eles estão?", questiona o sindicalista.
Ainda no distrito de Bragança estes profissionais, indica Teresa Pereira, do SPN, enfrentam um problema que se prende com as mudanças que pairam, e em que passará a existir a possibilidade de os professores contratados e os do Quadro de Zona Pedagógica, que agruparia Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros, e os do quadro de agrupamento "se deslocarem por várias escolas dessa área pedagógica, assim como os dos quadros de agrupamento que tenham insuficiência de componente letiva serem distribuídos conforme as necessidades por essa zona, desde que tenham alguma insuficiência letiva, sem qualquer ajuda de custo".