Taxa de trabalhadores com representação sindical era apenas de 7,6% em 2020, mas estruturas garantem tendência crescente. Fenprof assegura que a taxa de sindicalização no universo dos professores é bastante elevada em Portugal.
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Os trabalhadores sindicalizados pesam pouco no universo laboral. Representavam apenas 7,6% em 2020, ano em que começou a inverter-se a redução significativa da última década na taxa de sindicalização que, em 2010, era de 10,6%. As estruturas que os representam garantem ao JN que têm conseguido contrariar a falta de adesão aos sindicatos em Portugal e aumentar o número de filiados, como na Saúde e na Educação.
O boletim estatístico de janeiro deste ano, publicado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento, do Ministério do Trabalho, indica que a taxa de sindicalização, no universo dos trabalhadores por conta de outrem, subiu em 2020 de 7,2% para 7,6%.
A taxa de empresas com trabalhadores sindicalizados também é muito baixa, com os últimos dados a apontar para 4,1%.
As empresas maiores, com mais de 250 pessoas, concentram a esmagadora maioria dos sindicalizados, com 71% do total.
As atividades financeiras e de seguros são aquelas em que os funcionários mais procuram representação na defesa dos seus direitos.
Taxa elevada no ensino
Do Secretariado Nacional da Fenprof, Luís Lobo, sublinhou ao JN que "a taxa de sindicalização dos professores em Portugal é bastante elevada, tendo em conta que não é obrigatória, como em alguns países".
"Nos últimos quatro anos, no ensino público, houve professores que cancelaram a sua sindicalização, principalmente derivado ao elevado número de aposentações. O equilíbrio que se tem mantido na sindicalização deve-se ao facto de o recrutamento de novos sindicalizados também ser assinalável", assegura ainda.
O dirigente nota que são 48 790 na Fenprof, 65% do universo dos professores sindicalizados.
Baseia-se em dados do Governo para referir que, no ensino não superior, o número de docentes sindicalizados deverá situar-se entre os 70% e 80%. E no Ensino Superior rondará os 40%.
Nas razões para os docentes não estarem sindicalizados, inclui as questões de ordem económica e "a elevada dispersão sindical por múltiplas organizações criadas nos anos 80 e 90".
Covid não foi obstáculo
Da CGTP, Filipe Marques, membro da Comissão Executiva responsável pela organização sindical, afirmou ao JN que, no congresso de 2020, "foi possível aferir uma representatividade de 556 363 trabalhadores, um ligeiro crescimento" face ao congresso anterior.
"No ano de 2020 e apesar da covid-19, sindicalizaram-se cerca de 24 mil trabalhadores", relatou ainda. E este é um número "que contraria a ideia de que, com o impacto da pandemia, do "lay-off", do teletrabalho ou da crise, haveria reflexo na redução do número de trabalhadores sindicalizados".
A CGTP refere que os setores que apresentam mais associados continuam a ser Administração Pública, comércio, escritórios e serviços; indústrias transformadoras, energia e atividades do ambiente.
Por sua vez, a UGT contabilizou, no seu congresso de abril de 2022, 435 mil trabalhadores nas organizações sindicais filiadas.
"Este número reflete dois fenómenos distintos: por um lado, a perda de empregos e de sindicalizados em setores como o financeiro e, por outro, o aumento de sindicalizados em áreas como Educação e Administração Pública, com adesão de novas estruturas à central sindical", refere. Antes disso, perdeu 43 mil em nove anos.
Ao JN, a UGT sublinhou que houve um aumento de filiados aquando do congresso de 2022, com entrada de novos sindicatos, mas não compensou "o que perdeu no tempo da troika".
SAÚDE
Mais médicos e enfermeiros filiados
Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, garante um aumento de novos associados, representando os internos mais de um terço das entradas. Aponta que os associados duplicaram "em relação há cinco anos" e "são mais 35%" em 2022 face ao ano anterior.
O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal registou "uma subida de 10% entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023". Nota que a taxa de sindicalização não é a desejável e já foi muito maior há umas décadas. Já o Sindicato dos Enfermeiros soma cerca de três mil, referindo um acréscimo de mil em cerca de dois anos. Também lamenta que a taxa de sindicalização desta classe seja muita baixa.