O setor agroalimentar já está a sofrer um agravamento dos custos e prepara outros destinos para as exportações.
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No ano passado, o setor agroalimentar exportou para os Estados Unidos produtos no valor global de 250 milhões de euros. Manter esse patamar é a maior angústia dos empresários portugueses, num mercado que “está a sofrer grandes distúrbios”, na sequência da decisão de Donald Trump, de impor tarifas transversais a vários países. Estamos a falar de vinho, azeite, fruta e peixe, mas também conservas, queijos, café, chocolates e produtos de pastelaria. Para o Mundo inteiro foram mais de oito mil milhões de euros.
Embora o presidente dos EUA tenha suspendido a aplicação das tarifas por 90 dias, Deolinda Silva, diretora-executiva da Portugal Foods – entidade que gere o cluster do setor agroalimentar –, admite que já “há uma redução do negócio e também alguma apreensão”, porque “quando existe uma guerra comercial em cima da mesa”, há uma “perturbação natural”. Apesar disso, acredita que na fase de suspensão possa haver alguma negociação e algum ajuste, na esperança de que o “impacto não venha a ser tão forte, que de certa forma já é”.
Apesar de reconhecer tratar-se de um mercado “com bastante interesse”, pela sua dimensão, “com grande poder de compra”, admite que “urge consolidar e diversificar mercados”. A ideia é continuar a trabalhar Espanha (principal mercado), França, Itália, Países Baixos e Brasil, mas abordar também o Japão, a Coreia do Sul e a China, bem como alguns países do Sudeste Asiático, como Malásia, o Vietname, as Filipinas.
O desafio comercial inesperado vem juntar-se a outras adaptações em curso, comuns a toda a economia europeia, como a conversão para uma economia verde e para a transição energética, num contexto das alterações climáticas, especialmente sensíveis para a componente da produção primária do agroalimentar. Perante as mudanças, Deolinda Silva aponta a modernização nas lideranças e de processos como uma das marcas de sucesso dos 200 associados, sem descurar o caráter colaborativo entre todas as entidades do ecossistema, onde a inovação se tem revelado a pedra de toque.