Situação obriga a tomar medidas urgentes para não deixar sem abastecimento dezenas de aldeias.
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A situação de seca em Portugal continental está dividida nos dois níveis mais elevados. De acordo com o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, "51% está em seca severa e 49% em seca extrema". O Nordeste Transmontano é a região do país onde a situação se agrava a cada dia que passa e onde "o teor de água no solo já é menos de 1%", ou seja, não existe.
Perante este cenário, Pimenta Machado não vê outra alternativa que não passe por, no imediato, acudir a quem viu secar as nascentes que garantiam o abastecimento, através do transporte de água de outras fontes em camiões-cisterna. Depois é preciso pensar nas albufeiras mais vulneráveis, como as de Fontelonga (Carrazeda de Ansiães), Vila-Chã (Alijó) e Sambade (Alfândega da Fé) - as duas primeiras garantem água até outubro e a terceira até dezembro.
A de Carrazeda vai começar a ser reforçada a partir do rio Tua através de transporte rodoviário. O secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, assinou, ontem, um protocolo com o Município, para pagar parte da operação, que também prevê ajudas para a reativação e recuperação de velhas nascentes. O autarca, João Gonçalves, disse que é "um apoio importante" e que é "exemplo de verdadeira coesão territorial", pois a medida tem "encargos grandes para um orçamento limitado" como é o caso.
Mais ajuda
Alijó, Bragança, Mogadouro, Vimioso, Macedo de Cavaleiros e Alfândega da Fé são outros concelhos que vão receber ajudas para reativarem sistemas autónomos, melhoramento de açudes e transporte de água em autotanques. No total é um investimento de 1,3 milhões de euros do Fundo Ambiental nestes concelhos para garantir água a pequenas localidades.
Os autarcas agradeceram o apoio, mas lembraram que é preciso resolver o problema de forma estrutural, pois "a situação vai piorar", sublinhou o presidente da Câmara de Vimioso e da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes, Jorge Fidalgo.
Pormenores
2022 é o ano mais seco
Do ponto de vista da água disponível nas albufeiras, "2022 é o ano mais seco e mais severo desde 2000", assegura Pimenta Machado. Em termos de queda de chuva, o pior ano deste século continua a ser 2005.
25% da verba
A ajuda aos concelhos transmontanos representa mais de um quarto dos quatro milhões de euros do Fundo Ambiental para mitigar os problemas da seca em todo o país.