Aguiar-Branco: “Sinto satisfação de dever cumprido por ter salvado os estaleiros”
José Pedro Aguiar-Branco, que lidera a candidatura da Aliança Democrática (AD) pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, afirmou hoje que aceitou o desafio pela sua “ligação afetiva” à região, e pelo sentimento “de dever cumprido”.
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O social-democrata falava em relação à sua intervenção, há cerca de uma década, enquanto ministro da Defesa (2011-2015), no encerramento da empresa pública Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). E da sua posterior concessão,em 2014, à firma West Sea do grupo Martifer.
“Nós salvamos os estaleiros. Portanto, [nesta campanha] não tenho que enfrentar a população. Estou ao lado da população. Aliás, nós só fizemos aquilo (encerramento) porque estávamos ao lado das pessoas”, declarou aos jornalistas, durante uma sessão da pré- campanha, em que foi questionado se receia, de alguma forma, a reação do eleitorado face à sua atuação no passado.
“Tenho orgulho de abordar a questão e tenho sobretudo a satisfação do dever cumprido e isso é muito importante para a nossa consciência”, afirmou, comentando que segue “com cara levantada” e “consciência do serviço público que fizemos ao país e à região”.
Recordou que a empresa pública ENVC “em 2011, estava moribunda e falida”, e dava “um prejuízo mensal de dois milhões de euros”, porque estava “sem encomendas”. “As últimas 22 embarcações que tinham sido construídas, todas tinham dado prejuízo”, indicou, acrescentando que havia ainda o processo da união Europeia por causa das “ajudas ilegais dadas pelo Estado, de cerca de 260 milhões de euros”, além de “uma auditoria das Finanças feita pelo Governo do Partido Socialista a dizer que tecnicamente o estaleiro estava falido”.
“Hoje, Viana pode estar orgulhosa de ter uma capacidade que é única no país, com encomendas asseguradas por muitos anos e uma empresa que emprega cerca de mil pessoas, em emprego direto e indireto”, sublinhou.
Na apresentação das linhas programáticas da Aliança Democrática para o Alto Minho e em cuja lista é secundado pelos atuais deputados Emília Cerqueira e Jorge Mendes, ambos originários daquela região, o ex-ministro da defesa nacional justificou que “só aceitaria ser cabeça de lista pelo Porto ou por Viana do Castelo, porque é preciso haver uma ligação forte afetiva ou de responsabilidade de execução de obra”.
Para o círculo eleitoral que representa, Aguiar-Branco defendeu a saúde como prioridade. “Repor o justo financiamento da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) é uma matéria absolutamente prioritária”, sublinhou, anunciando que, até à véspera das eleições de 10 de de março, a campanha percorrerá todos os municípios do Alto Minho.
Modelo da AD é o “da esperança e felicidade”
Aguiar-Branco considerou, de resto, que nas próximas legislativas, os portugueses terão de eleger entre “dois modelos ideológicos e de desenvolvimento económico” para o país.
Por um lado, o modelo de política “dos últimos oito anos, que tem uma base ainda mais larga, porque nos últimos 27 anos, 21 foram governados pelo Partido Socialista”, e por outro o modelo “distintivo” da AD.
“Temos uma situação que é distintiva que é quando fomos chamados a governo no passado foi para resolver as situações dramáticas em que os governos do PS nos deixaram, com Guterres no pântano, com Sócrates na bancarrota e agora com António Costa no caos dos serviços públicos”, disse, referindo ainda neste contexto que “a visão paternalista e protecionista que é feita por parte dos Governos do PS, está com resultados bem à evidência de que não é um espaço de esperança, quer para os jovens, quer para as pessoas no seu dia a dia, a chamada classe média do conhecimento e do trabalho, que não se vê realizada”. “Essa dimensão de felicidade e de esperança para essa classe média é a grande aposta que a AD pretende com o seu modelo de desenvolvimento económico”, frisou, resumindo: “Ninguém no dia 11 vai acordar com surpresas, escolhe um modelo ou escolhe outro”