O ministro da Educação confessou que o "Governo está preocupado" por ainda não ter sido possível colocar professores em 429 horários completos e em 948 horários incompletos. O problema regista-se, sobretudo, na região de Lisboa, afetando as disciplinas de informática, geográfica, fisico-química, biologia e matemática.
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"Quatrocentos [horários completos] é um número elevado, um horário é um número elevado, digamos assim. Nós temos milhares e milhares de horários e haverá dificuldades na colocação de professores, como há todos os anos", especificou, esta sábado, João Costa, dando conta que é, sobretudo, na região de Lisboa onde há maior dificuldade em atrair docentes.
"Sempre que há um horário por atribuir, o Governo está preocupado, toda a gente está preocupada. Os grupos de recrutamento que têm revelado maior dificuldade são os grupos de informática, também a geografia e, com menor expressão, a matemática. Aliás, antes de chegarmos à matemática, temos algumas dificuldades na fisico-química, na biologia, nas áreas das ciências. São áreas em que, também, há mais oferta de trabalho. Há uns anos, muitas mulheres que estudavam ciência não tinham lugar na indústria e nos laboratórios. Hoje, felizmente, têm [emprego] e isso tem, também consequências, para a procura dos cursos de ensino", reconhece o governante, apesar de ver sinais positivos para o futuro face à subida do número de candidatos aos cursos de ensino na primeira fase do concurso de acesso ao Ensino Superior. "Os jovens estão a olhar, novamente, para a educação como uma profissão de futuro".
Substituições em três semanas
A primeira reserva de recrutamento do ano letivo de 2023/24 fechou esta sexta-feira e foram colocados 2775 professores (1006 docentes dos quadros e 1769 profissionais contratados em horários completos e incompletos), em particular no sul do país. Já começou a segunda reserva de recrutamento. O Ministério da Educação deu conta, ao jornal Público, de que foram ocupados 1058 horários completos (que correspondem a 22 horas semanais) e 1743 incompletos. Ficam sem resposta 1377 horários, cerca de 33% do total: 429 são horários completos e 948 são incompletos. O proximo passo será a contratação direta pelas escolas.
Este sábado em Estoril, o ministro João Costa lembrou que, ao longo do ano passado, conseguiram, "em praticamente 100% dos casos", ter uma taxa de substituição e de colocação em três semanas. "Há professores que adoecem, que emigram, que vão fazer outras coisas... Nós conseguimos substituições em três semanas para quase a totalidade dos casos", frisou.
"Ninguém tem o direito de prejudicar os alunos"
Depois de, no dia anterior, ter lamentado a marcação de greves já para o início do próximo ano letivo, o socialista voltou a reafirmar a abertura do Governo para negociar e criticou o prejuízo que está a ser causado às crianças e aos jovens que estudam na escola pública.
"Ninguém tem o direito de prejudicar mais estes alunos. Sempre que as aulas estão paradas, nós estamos a ter prejuízo para os alunos. Ou queremos soluções ou o objetivo é apenas a luta. Se o objetivo for apenas a luta, ninguém está interessado em soluções. Se estivessemos a falar de um Governo que ignora pedidos de reuniões, que ignora a negociação, estavamos num cenário. Neste momento, temos de pensar no seguinte: são uma geração de alunos que teve dois anos de pandemia, que já teve um ano com perturbações", concluiu.