O ano letivo arranca entre hoje e o final da semana, dependendo de cada escola. Certo é que nada será como dantes.
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"Haverá escolas a servir almoços entre as 11 e as 15 horas porque é a única forma de conseguir que todos os alunos almocem na cantina e com as distâncias de segurança", disse ao JN Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.
Para além do alargamento do horário do almoço, em muitas cantinas foram colocados separadores em acrílico nas mesas para refeição e aos alunos que só têm aulas durante a manhã, será fornecido o almoço em regime takeaway para que o comam em casa.
"Estamos a reduzir a lotação das cantinas e a criar espaços alternativos para as refeições. A maioria dos alunos vai ter aulas só de manhã ou só de tarde, permitindo que almocem em casa mesmo os que vão ter a refeição em takeaway e estamos a desfasar os horários das turmas que têm aulas de manhã e de tarde", explicou Filinto Lima. "Todas as medidas são de caráter extraordinário e provisório", referiu.
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"Sem uma proibição ou um incentivo" por parte do Ministério da Educação, os diretores de escola estão a reformar o número de máquinas de venda de alimentos. "Queremos que as máquinas vendam comida saudável, mas temos de aumentar o número de máquinas e colocá-las em vários locais para que não haja concentração de alunos a comprar comida", referiu ainda Filinto Lima.
No início do ano escolar marcado pela covid-19, a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (Degest) emitiu um conjunto de princípios orientadores para o funcionamento dos estabelecimentos de ensino onde frisa que o distanciamento dos alunos terá de ser feito também nas cantinas e bares. Com cantinas pequenas, espaços polivalentes e recintos amplos podem vir a ser usados pelos estudantes para almoçar.
Na escola ou em take-away, há capacidade para servir os almoços. É preciso garantir que há condições para confecionar corretamente a comida e com qualidade e quantidade", salientou Jorge Ascenção, líder da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap).
A Ordem dos Nutricionistas divulgou um conjunto de indicações, que para além da qualidade das refeições, as escolas devem ter em conta. "A disponibilização de talheres e guardanapos de papel em saquetas individuais, a eliminação de jarros com água" e o "desaconselhamento do uso de micro-ondas" são conselhos a ter em conta. Na prática, nos agrupamentos escolares, os alunos mais pequenos (da pré-primária e do 1.º ciclo) serão os primeiros a almoçar. Por cada turno de almoço, as mesas e as cadeiras têm de ser desinfetadas.
Horário fixo
Os restantes alunos que façam a refeição na cantina terão horário fixo para entrar de acordo com o horário das aulas. "As escolas vão alargar o horário de funcionamento em todas as áreas e os funcionários vão ter novas e acrescidas funções", disse Filinto Lima.
A Confap recomenda ainda "o reforço dos lanches" que os alunos trazem de casa, evitando deslocações ao bar ou às máquinas de vending. "As crianças já estão em risco e é preciso acabar com a ideia de que não há maior risco de contágio na escola do que fora da escola", frisou Jorge Ascenção, defendendo a "maior normalização possível" da atividade letiva e escolar.
Críticas às refeições
Em 2018, as refeições servidas nas escolas motivaram 854 reclamações. A maior parte está relacionada com a falta de pessoal (266), quantidade servida aos alunos (263) e qualidade dos alimentos (163).
Fiscalização em 2018
Uma sucessão de denúncias da fraca qualidade de refeições servidas por empresas privadas motivou uma fiscalização pelo Ministério da Educação, em 2018.