Estratégia de desenvolvimento da região foi debatida, esta terça-feira, em Caminha, por atores envolvidos no planeamento e especialistas de várias áreas.
Corpo do artigo
O Alto Minho está na corrida aos fundos estruturais para dar "um salto" no desenvolvimento da região. Num momento tido como sendo "de concentração de recursos sem paralelo", os dez municípios do distrito de Viana do Castelo que desenham geograficamente o território altominhoto preparam o seu plano de ação, tendo em vista a captação de investimentos do bolo de milhares de milhões de euros, disponível até ao final desta década.
O futuro da região alavancado pelo próximo período de programação foi esta terça-feira alvo de discussão em Caminha, na conferência "Alto Minho 2030- Desafios, oportunidades e perspetivas", que contou com os contributos de atores envolvidos no processo de planeamento e de especialistas, com raízes ou ligações ao Alto Minho, em áreas de atuação como a aeroespacial, medicina molecular e marketing. O debate foi moderado pelo diretor-adjunto do JN, Pedro Ivo Carvalho.
"A melhor maneira de não desperdiçar a enorme oportunidade que se abre no atual contexto ao país, ao Norte e ao Alto Minho, é de convergir numa estratégia consistente, que se traduza no plano de ação assumido por municípios e pelos 'stakeholders' (partes interessadas) da região", declarou, na sessão de abertura, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN-N), António Cunha, indicando que aquela região pode, através de "uma estratégia bem calibrada", beneficiar do "momento excecional de financiamento de políticas públicas".
"Somando os fundos por executar do Portugal 2020, os fundos do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e aqueles que serão canalizados a partir de agora no Portugal 2030, o país deverá aceder a cerca de 55 mil milhões de euros até 2029", avisou, acrescentando que "o Norte tem a ambição de aceder a 40 ou 50%" daquele bolo.
Inovação
Paulo Queiroz, consultor em áreas como competitividade e desenvolvimento regional, envolvido no desenho da nova estratégia para o Alto Minho, destacou a forte evolução do território, fruto da "primeira geração de investimento" e a necessidade de agora "dar o salto", privilegiando "a inovação" nas respostas aos desafios.
Manoel Batista, presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, entidade promotora da conferência, referiu que o Alto Minho prepara "um salto" aproveitando os instrumentos de financiamento disponíveis para "requalificar e investir naquilo que é fundamental". Indicou como prioritárias a requalificação "do património da área da saúde primária em todos os municípios" e de "toda a rodovia" da região. Além de "tornar o território mais dinâmico do ponto de vista do conhecimento científico", através da atração de "mais conhecimento" e do "alavancar" das empresas já instaladas.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, destacou, no encerramento da conferência, "o dinamismo" do Alto Minho, que "obriga os políticos a andar a correr atrás da região". E considerou que aquele território "tem as cadeias de valor identificadas e é mais fácil no âmbito da CIM, agregar os atores para que as próximas verbas as venham ajudar a consolidar".
Ana Abrunhosa
Ministra da Coesão Territorial
Vamos ter de ser mais flexíveis e menos burocratas nas candidaturas para apoio de projetos até 25 mil euros. O tempo da nossa resposta mata uma oportunidade
Rui Lages
Presidente da câmara de Caminha
Para sabermos onde queremos chegar, temos de delinear bem a estratégia. A tecnologia e a ciência podem ser um caminho para o Alto Minho
Empreendedorismo
Celso Carvalho, prepara até abril de 2023, o diagnóstico e plano de ação com identificação das áreas de empreendedorismo e competitividade territorial, que serão alvo de financiamento no Alto Minho. "A missão é ambiciosa e necessária para o território", disse.
Turismo sustentável
Jorge Costa prepara até janeiro 2023, o plano de ação para promoção do turismo sustentável. "Não queremos muitos turistas no Alto Minho. Queremos bons turistas que reconheçam o valor da oferta, deixem renda e sejam embaixadores da região", defendeu.
Empresas "unicórnio"
Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, natural de Vila Nova de Cerveira, referiu que Portugal já possui algumas empresas "unicórnio" em resultado de apoio "a ideias". "Estamos muito ligados ao cimento e esquecemos a parte do 'brain' (cérebro)", disse, defendendo a aposta na "incubação tecnológica" como próximo passo no desenvolvimento do Alto Minho, após o seu "boom industrial".