Os apicultores portugueses sentem-se discriminados pelo Ministério da Agricultura e queixam-se de falta de apoios para fazer face às consequências da seca, garantindo que "têm sido confrontados com "a mais completa inação" por parte da tutela.
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"Enquanto todas as restantes atividades pecuárias são apoiadas, significando isso a sobrevivência de muitas explorações, os apicultores portugueses deparam-se com um PEPAC que os ignora por completo", divulgou esta quinta-feira a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP).
Segundo os responsáveis por esta federação em meados de maio de 2023 e Portugal vive, novamente, uma situação de seca. "Para a grande maioria dos apicultores portugueses o ano está já perdido. A primavera, época de produção apícola, ficou marcada pelo mais quente Abril de sempre. A onda de calor secou os matos e as pastagens apícolas. Será o segundo ano consecutivo com quebras de produção, as quais podem atingir 80% nalgumas regiões".
Em 2022 foi mau, dizem os apicultores, mas tudo indica que 2023 será "mais difícil para os mais de 10.000 apicultores que, de Norte a Sul, insistem em manter as suas colmeias em produção, num contexto de aumento do preço dos medicamentos e da alimentação para as abelhas".
A FNAP queixa-se que a Ajuda Agroambiental existente no PDR 2020 foi extinta, quando devia ter sido melhorada. O Ecorregime integrado na intervenção A.3.6 - Práticas promotoras da biodiversidade destina-se exclusivamente a agricultores e não apoiará diretamente um único apicultor - estando para ser avaliado o seu impacto indireto na atividade apícola. Os apicultores são os únicos produtores em Modo de Produção Biológico excluídos dos apoios previstos na intervenção A.3.1 Agricultura biológica (Conversão e Manutenção). Além disso, denunciam que o Programa Nacional de Apoio ao Setor Apícola (PNASA) 2023, cujo orçamento anual é de 4, 4 milhões de euros, iniciou-se a 1 de janeiro e terminará a 31 de julho de 2023, "mas ainda não foi aprovada uma única candidatura, tão pouco se vislumbra quando tal possa acontecer".
A FNAP explicou que o apoio de 137 milhões de euros anunciados como medida excecional e temporária de compensação pelo acréscimo de custos de produção da atividade agrícola e pecuária, "não contempla a apicultura".