Presidente da Fundação INATEL diz que setor deverá subir na cadeia de valor para poder aumentar salários.
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O presidente da Fundação INATEL acredita que um dos desafios do turismo em Portugal nos próximos anos passa por subir na cadeia de valor, ou seja, os turistas (especialmente os estrangeiros) terão de pagar mais pelo alojamento e deixar mais dinheiro no país. Com esta rentabilidade económica será possível, defende Francisco Madelino, subir os salários e aumentar a competitividade.
"Os preços ou os rendimentos por quarto que o turista deixa em Portugal têm de ser mais elevados", explica ao JN, à margem do congresso mundial da Organização Internacional de Turismo Social (ISTO, sigla em inglês), que decorre em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.
Comparativamente a outras cidades europeias, como Amesterdão (Países Baixos) ou Barcelona (Espanha), grande parte do território nacional tem entre "duas a três vezes menos" de valor pago ou deixado pelos turistas estrangeiros.
Francisco Madelino afirma que a subida na cadeia valor e a aposta num segmento mais elevado de turismo não vai retirar a possibilidade de os cidadãos nacionais também praticarem turismo no seu próprio país. "Há mercado para todos", diz. "Temos clientes para passear a pé nos Açores e em Trás-os-Montes e empresários que querem ficar em hotéis de cinco estrelas. Há bastante oferta num nível mais baixo e precisamos de oferta de um nível mais elevado", justifica.
O presidente da Fundação INATEL refere que assim será possível subir os salários e atrair ainda mais turistas a Portugal.
Limite aos voos
Numa altura em que se discutem restrições energéticas, devido à subida do preço da energia, e as preocupações ambientais são prementes, Francisco Madelino aponta que o debate em torno da limitação de viagens de avião é outro dos próximos desafios para o turismo em Portugal. "Uma coisa é ter comboios no centro da Europa e como é para os Açores?", questiona.
Para o presidente da Fundação INATEL, há ainda a preocupação de manter Portugal como um destino turístico seguro e "amigável" para quem visita. O 28.º congresso mundial da ISTO, organizado pela Fundação INATEL nos Açores, terminou esta sexta-feira e contou com cerca de 160 especialistas oriundos de 20 países.
Criar alternativas
Num dos plenários do congresso da ISTO, Leonor Picão, do Turismo de Portugal, defendeu a necessidade de "construir alternativas aos pontos de atração turística" nos Açores, de forma a não sobrecarregar algumas áreas das ilhas.
Agosto recorde
O alojamento turístico registou, em agosto deste ano, 3,4 milhões de hóspedes e o rendimento médio por quarto ocupado chegou aos 137,2 euros, segundo o INE. Os valores são os mais elevados desde que há registo.