Em 2021, registaram-se 8 223 incêndios rurais, menos 54% do que a média nos últimos dez anos, e a área ardida, que totalizou 28 415 hectares (ha), foi inferior em 78% à média no decénio 2010-2020, indica o relatório da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) entregue nesta quinta-feira na Assembleia da República.
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De acordo com o "Relatório de Atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais - 2021", diminuiu em 15% o número de ocorrências em relação a 2020 e arderam menos 38 738 ha (-58%). Foi também o número mais baixo de ocorrências e a segunda menor área ardida desde 2010.
Os dados são promissores quanto à área ardida acumulada no período 2020-2030, que terá de ser inferior a 660 mil hectares, segundo o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais : em 2021 corresponde a 47% do "limite aceitável" de 60 mil ha anuais. Os três grandes incêndios (mais 500 ha) em Castro Marim, Monchique e Beja responderam por 34% da área atingida.
Matos mais atingidos
Registou-se também a menor área arborizada ardida desde 2011, com apenas 8 165 ha (29% do total). Foram mais atingidas áreas de matos (61% do total), o que é explicado por mais fogos no primeiro trimestre, sobretudo queimadas para renovação de pastagens, "não revestindo necessariamente impactos negativos", segundo a AGIF. Até reduz combustível e cria faixas de descontinuidade.
A agência nota que, embora a menor severidade meteorológica tenha ajudado, a redução das ocorrências (em 15%) pode ser explicada pela alteração de comportamentos no uso do fogo, pois a taxa de ignições nos dias de elevado perigo de incêndio foi inferior em 54% à média 2011-19. O PNGIFR visa diminuir em 80% até 2030.
O uso do fogo continuou a ser a principal causa dos incêndios, tendo subido para 2 732 casos (+665), respondendo por 56% das ocorrências, ao passo que o incendiarismo caiu em 771 (-38%), para 1 244.
O relatório destaca a contribuição da "continuação do esforço" na gestão de vegetação em espaços florestais, vias de comunicação e redes elétricas sob gestão pública. Foram intervencionados 88 mil hectares, mais 25% do que em 2020 e a área mais elevada até agora, mas longe dos 300 mil anuais a atingir já em 2026.
Investidos 316 milhões de euros
Em 2021, foram investidos 316 milhões de euros na gestão do risco de incêndio rural, sem contar os encargos das autarquias e dos proprietários - mais 28 milhões (+9%) do que em 2020 e mais 173 milhões (+120%) do que em 2017.
Da despesa, 46% destinaram-se a medidas e ações de prevenção e 54% ao combate de incêndios, cujo dispositivo foi reforçado em cerca de 12 mil elementos, dos quais 69% já são profissionais. O relatório indica que 93% dos fogos foram extintos no ataque inicial, num tempo médio de chegada ao teatro de operações de 16 minutos, e que a taxa de reacendimentos foi de 2%, abaixo da meta de 5%.