Respostas à falta de professores e rede de creches são prioridades nos programas menos para o Chega.
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A reabilitação de residências escolares é um dos objetivos do programa eleitoral do PS para permitir o acesso gratuito aos alunos do ensino obrigatório e "estudar a possibilidade de acolher docentes deslocados". Responder à escassez de professores é uma prioridade de todos os partidos à exceção do Chega. O alargamento de lugares em creches é outra preocupação da maioria.
No arranque do 2.º período estavam, de acordo com as contas da Fenprof, entre cinco a seis mil alunos sem, pelo menos, um dos professores. Por preencher estavam 118 horários em oferta de escola, a esmagadora maioria em Lisboa (69) e Setúbal (22). A falta de professores tem agravado-se devido ao envelhecimento da classe e à fraca procura pelos cursos de docência. O diagnóstico às necessidades apontou que até 2030 terão de entrar no sistema mais de 34500 novos professores. O Governo anunciou alterações ao regime de concursos, vinculação e formação. António Costa já prometeu acabar com o "modelo de casa às costas". O programa do PS prevê ainda a remuneração dos estágios e "incentivos à carreira" em áreas onde a oferta é escassa e "a partilha de recursos se mostre fundamental".
Estudantes a dar aulas
Entre outras medidas, o PSD propõe a revisão do modelo de avaliação docente e a recuperação do tempo de serviço congelado para efeitos de aposentação antecipada. BE e Livre também defendem a recuperação do tempo e um regime de aposentação. O Bloco defende um regime de compensação para os professores deslocados, o PAN pagar as despesas para os colocados a mais de 60 quilómetros de casa e o CDS criar um "subsídio de deslocação e habitação para todos os professores deslocados". Um concurso de vinculação extraordinária para professores com mais de três anos de serviço é proposto pelo PCP, BE e Livre. O IL defende a contratação direta pelas escolas e a possibilidade de estudantes universitários, "com habilitação suficiente para a função sujeita a concurso", darem aulas.
Rede pública e gratuita
A resposta à primeira infância é outra preocupação da maioria dos partidos por ser garante de sucesso escolar e incentivo à natalidade. O PCP propõe a gratuitidade das creches e a criação de uma rede pública desta oferta, alargando em "100 mil o número de vagas".
As principais medidas são o reforço da rede a partir dos seis meses (proposto pelo CDS), o acesso universal (defendido pelo IL com novo modelo de financiamento) e "tendencialmente gratuito" - nos programas do PSD e do PS que garante a gratuitidade progressiva até 2024. Para Livre e BE as creches devem ser integradas na rede pública do sistema de ensino.
Do cheque-ensino ao modelo de acesso
PS - Autonomia financeira
Além do reforço da autonomia curricular das escolas, o PS pretende lançar experiências piloto de autonomia financeira. Um pacto social para a Educação e a avaliação do modelo de acesso ao Ensino Superior separado da conclusão do Secundário.
CDU - Pré-Escolar a partir dos 3
O alargamento da rede pública de ensino Pré-Escolar, com vagas garantidas a partir dos 3 anos é uma das propostas de PCP e PEV, que insistem na redução de alunos por turma e na reversão do processo de descentralização para as autarquias.
Bloco - Revisão do calendário
A reorganização dos ciclos de ensino e a revisão do calendário escolar são propostas do Bloco. É defendida a gestão pública das cantinas escolares e o fim dos exames nacionais em todos os ciclos, com a separação da conclusão do Secundário do acesso ao Superior.
PAN - Bem-estar animal no currículo
O PAN defende que a educação para o bem-estar animal deve integrar o programa da disciplina de Cidadania e que deve ser criada uma rede de escolas com foco na proteção da natureza e biodiversidade. A revisão do modelo de acesso ao Superior e o fim dos exames para os alunos que só querem concluir o Secundário são outras propostas.
PSD - Turmas variáveis
O PSP promete acabar com as provas de aferição no 2.º, 5.º e 8.º anos e introduzir no 4.º, podendo as escolas decidir se conta para a nota dos alunos. O exame no 6.º é reposto. E as escolas podem decidir a dimensão das turmas.
CDS-PP - Cheque ensino
O CDS defende o cheque ensino em nome da liberdade de escolha e como novo modelo de financiamento, podendo as famílias optar entre escolas públicas e privadas. Cidadania só como opção é outra proposta.
IL - Contratos de associação
Além do cheque-ensino, o Iniciativa Liberal defende o regresso dos contratos de associação. Exames no Secundário são eliminados como acesso ao Superior, devendo ser universidades e politécnicos a recrutar.
Chega - Sem carga ideológica
O Chega propõe a simplificação de programas com a "anulação da carga ideológica em prol da carga científica" e a uniformização da avaliação.
Livre - História europeia
O Livre propõe a criação de um currículo de História europeia comum aos estados-membros. E a transformação do 12.º num ano zero "tendencialmente lecionado em ambiente universitário".