Regras impostas pelas empresas transportadoras só impedem a entrada aos cães de raças potencialmente perigosas. Associações e PAN têm reclamado mais espaço nos autocarros, onde os bichos só podem viajar desde que transportados em contentores próprios.
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Sabe que é permitido o transporte gratuito de animais de companhia no metro, no comboio e nos autocarros? Não, não estamos a falar apenas de cães e de gatos. Hamsters, periquitos, cágados, iguanas e até peixes de aquário podem ser levados nos transportes públicos.
Ao contrário do metro de Nova Iorque, que implementou uma nova regra e proibiu o transporte de cães - exceto se couberem numa mala (ver fotos ao lado) - no metro do Porto e de Lisboa, nos comboios, e nos autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) e da Carris, pode transportar-se de graça qualquer animal de companhia.
Basta para isso que sejam espécies que não representem qualquer perigo para terceiros, que sejam de pequeno porte no caso de aves, roedores ou répteis, que se encontrem em adequado estado de saúde, que estejam devidamente acompanhados e acondicionados e com o respetivo boletim de vacinas atualizado e licença municipal.
Mas uma coisa é certa: é mais fácil transportar animais de grande porte, como os cães, de metro e de comboio - uma vez que podem ir de trela, ainda que açaimados -, do que de autocarro, onde os animais só podem viajar em "contentores limpos".
Assunto que, no ano passado, motivou, inclusive, um pedido do PAN - Pessoas-Animais-Natureza à Câmara de Lisboa, de "alteração das regras da Carris", passando a permitir o transporte de animais de médio e grande portes, com os habituais meios de contenção legalmente previstos para a sua circulação na via e demais lugares públicos". Mas nada mudou.
Permitido, mas pouco cómodo
Também fonte da Sociedade Protetora dos Animais do Porto, através do relato de clientes da clínica e sócios, confirmou ao JN que "as coisas não correm muito bem no transporte dos animais em "camionetas, comboios e aviões", dado o pouco espaço.
Hermínio Jesus, da K9H-CIOPS, reconhecida como Organização Voluntária de Proteção Civil que treina cães de busca e salvamento, defende que " o transporte de animais, por exemplo em comboios, seria mais facilitado se a empresa alojasse umas boxes à entrada, como faz com as malas de grande porte".
Já tratamento especial têm os cães de assistência, que podem ser transportados gratuitamente, enquanto acompanhantes de utentes com deficiência ou pelos respetivos treinadores, devendo estes ser portadores, de modo bem visível, do distintivo emitido por um estabelecimento credenciado de treino.
De acordo com a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, qualquer proibição ou limitação ao acesso dos cães de assistência aos transportes públicos por parte das operadoras constitui contraordenação, sendo punível com coimas que vão dos 500 a 44 891,81 euros.
No Porto, a nova frota da STCP tem inclusivamente um lugar reservado, identificado, para passageiros acompanhados de cão de assistência.
Cães e bicicletas no mesmo local
Nas viagens diárias que Tânia Parchão e o seu cão, Eddie, fazem de metro entre as estações de Ramalde (Porto) e de Crestins (Maia), a funcionária de um hotel canino confirma que "segue à risca" as regras impostas e tenta, sempre que possível, entrar com o pastor belga malinois para a última carruagem.
No entanto, Tânia chama a atenção para o facto desse local "ser o mesmo que é indicado para o transporte de bicicletas e, com a confusão, muitos animais poderem ficar stressados".
Um problema que não chega a interferir no temperamento de Eddie. Pelos corredores do metro, o cão avança com destreza por entre as malas dos turistas, alheio à confusão. Mas, como nem todos são assim, "os donos deviam também apostar em treinos para os animais não viajarem tão stressados", concluiu Tânia