"Ativo tóxico". Partidos querem ouvir ministro das Infraestruturas sobre privatização da TAP
O Livre quer chamar ao Parlamento o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque na sequência das conclusões do relatório Inspeção-Geral das Finanças (IGF) sobre a TAP. PCP e Bloco de Esquerda também querem ouvir o ministro no Parlamento.
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O anúncio foi feito pela líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Miguel Pinto Luz era secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações no segundo governo liderado Pedro Passos Coelho, que caiu após ter sido chumbado o seu programa no parlamento, mas que concluiu o processo de privatização da TAP, em 2015.
Maria Luís Albuquerque, que em 2015 era ministra de Estado e das Finanças, foi escolhida pela Governo de Luís Montenegro para comissária europeia.
À lista de ex-governantes que o Livre quer ouvir com urgência no parlamento junta-se também o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro.
A líder parlamentar do Livre considerou que a TAP ter sido comprada com o próprio dinheiro da empresa foi "uma chico-espertice de um empresário".
"Isso é grave, é lesivo para o interesse público e da TAP", defendeu a deputada.
Isabel Mendes Lopes considerou também os responsáveis públicos à altura da privatização "sabiam e foram cúmplices deste esquema".
A deputada do Livre defendeu também que "é muito importante que a investigação do Ministério Público seja feita o mais rápido possível" e que o Ministério Público "seja muito ágil na investigação".
BE diz que Pinto Luz é um ativo tóxico
A coordenadora do BE considerou hoje que o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, é um "ativo tóxico" no Governo que "não tem idoneidade" para gerir o 'dossier' TAP.
Numa conferência de imprensa na sede dos bloquistas centrada nas conclusões do relatório Inspeção-Geral das Finanças (IGF) sobre a TAP, Mariana Mortágua afirmou que o responsável pela pastas das Infraestruturas é "o maior ativo tóxico que este Governo tem", defendendo que se pode questionar "se Miguel Pinto Luz alguma vez deveria ter sido ministro", embora sem defender explicitamente a sua demissão.
"Acho que é uma pergunta razoável para ser feita, tendo em conta este currículo que às vezes parece um cadastro do ministro. Uma coisa é certa: Miguel Pinto Luz não tem idoneidade para gerir o dossiê da TAP. Independentemente da privatização ou não", disse Mariana Mortágua.
PAN alega falta de idoneidade política
O PAN defendeu hoje que o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, deve ser afastado da gestão do dossiê da reprivatização da TAP, considerando que "não tem idoneidade política" para continuar a acompanhá-lo.
"No que diz respeito à idoneidade de Miguel Pinto Luz, não nos parece que politicamente o mesmo tenha idoneidade para continuar à frente o negócio da reprivatização da TAP", afirmou a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real.
PCP reitera que privatização não é solução
O PCP considerou hoje estar "mais do que comprovado que a privatização da TAP não é solução" e pediu a audição do ministro das Infraestruturas e da ex-ministra Maria Luís Albuquerque sobre a privatização de 2015.
"Está mais do que comprovado que a privatização da TAP não é solução, e insistir num processo que é prejudicial para o país e para o interesse nacional não pode ser", defendeu a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, na Assembleia da República.
IL quer saber detalhes do negócio
A Iniciativa Liberal quer saber quando e como é que a TAP vai ser privatizada pelo Governo PSD/CDS-PP e remeteu para o primeiro-ministro a necessidade de eventuais consequências políticas após a divulgação do relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF).
"Quando é que a TAP é privatizada? Como é que é privatizada? Como é que é defendido o direito do dinheiro dos contribuintes? Estas são as questões que importam", defendeu o deputado liberal Rodrigo Saraiva, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Chega fala em "trapalhada"
O líder parlamentar do Chega classificou hoje como "uma trapalhada" o negócio da privatização da TAP e acusou o primeiro-ministro de ser cúmplice porque quando chamou Miguel Pinto Luz para o Governo "sabia quem estava a nomear".
Pedro Pinto considerou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, "é cúmplice".
"É cúmplice porque quando nomeou Miguel Pinto Luz sabia quem é que estava a nomear, e isso é de uma extrema gravidade e nós não podemos deixar passar isso sem claro", defendeu, considerando também que "Luís Montenegro pôs-se a jeito".