O advogado das vítimas da Casa Pia, Miguel Matias, manifestou-se satisfeito com o veredicto lido em julgamento porque o tribunal deu razão aos jovens casapianos e provou que foram os arguidos que mentiram.
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"Para eles (vítimas) a sentença é um lavar de alma", declarou aos jornalistas Miguel Matias à saída das Varas Criminais de Lisboa, no Campus de Justiça, onde foram condenados seis dos sete arguidos deste processo.
O advogado lembrou que os jovens foram chamados de "mentirosos durante todo este processo, mas afinal quem mentiu foram os arguidos, conforme resulta do acórdão".
Miguel Matias desvalorizou a questão das indemnizações atribuídas às vítimas alegando que não foi isso que moveu os jovens casapianos.
Já Adelino Granja, advogado do jovem que originou o processo judicial da Casa Pia manifestou satisfação pela sentença.
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Após a saída da sala de audiências no Campus da Justiça, no Parque das Nações (Lisboa), o advogado afirmou que o seu cliente que "deu azo a este processo saiu vencedor".
Francisco Guerra, uma das vítimas dos abusos sexuais na Casa Pia e que apareceu hoje pela primeira vez em público, mostrou-se muito satisfeito com o julgamento. "Nunca me vou esquercer do que aconteceu, mas vou tentar por uma pedra sobre o assunto", disse.
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Pedro Namora, que também foi aluno na Casa Pia, agradeceu a muitas pessoas e qualificou o mestre Américo, professor na instituição, de "herói", por ter denunciado abusos sexuais na Casa Pia. "Foi um herói, por segurar isto sozinho durante 30 anos", afirmou o ex-casapiano, visivelmente emocionado.
Pedro Namora referiu ainda que a decisão é "fundamental" e "pôs termo a uma luta de oito anos", mas não deixou de considerar as penas "baixíssimas".
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A ex-provedora da instituição Catalina Pestana afirmou, por seu lado, que "ninguém de bom senso pode estar contente depois de um processo destes".
"(Um processo) no qual eu ouvi as histórias mais tenebrosas que já ouvi na vida", disse, acrescentando que, mesmo não sendo especialista em Direito, as condenações podem ser um "sinal" para as vítimas de que o "sacrifício que fizeram foi compensado".
"Portugal, o país e nós todos já ganhamos muito com este processo. Ninguém olha mais para uma criança que denuncia um adulto com o mesmo ar displicente com que se olhou para estas crianças", defendeu.
Quando questionada sobre se os recursos judiciais à sentença iriam perturbar as vítimas, Catalina Pestana respondeu: "Não de todo, para nós acaba aqui".
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