O presidente da Câmara de Castanheira de Pera descreveu "um cenário dantesco, calamitoso" no concelho, um dos mais afetados pelos incêndios, e queixou-se de poucos meios e da falta de comunicações.
Corpo do artigo
8570782
"Está tudo desmotivado, cansado. Não encontro palavras para descrever o nosso espírito. É um cenário dantesco, calamitoso. Isto é inimaginável", afirmou à agência Lusa Fernando Lopes, numa rara ligação telefónica que foi possível estabelecer com o autarca do norte do distrito de Leiria.
Isto é um cenário que não consigo descrever, só vivendo como o vivi. Arderam casas, pessoas dentro de casas
Fernando Lopes adiantou que "ardeu quase tudo no concelho", como "quase tudo" nos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, também no distrito de Leiria.
"Isto é um cenário que não consigo descrever, só vivendo como o vivi. Arderam casas, pessoas dentro de casas. Pessoas que morreram asfixiadas na rua, dentro de casa, e também carbonizadas", continuou o presidente do município, o de menor dimensão do distrito de Leiria, que lidera há 12 anos.
O autarca, que noutras ocasiões se viu confrontado com fogos de grandes dimensões, garantiu nunca ter visto "o fogo a andar de um lado para o outro com toda a velocidade", para concluir que "era uma coisa do outro mundo".
Concelho sem comunicações, "nem de rádio, nem de telefone"
Fernando Lopes revelou que se trata de uma situação "o pior que se possa imaginar", lamentando que o concelho esteja sem comunicações, "nem de rádio, nem de telefone", e que tenha "muito poucos meios".
O presidente da Câmara disse ainda esperar que "o primeiro-ministro, que sabe ser uma pessoa solidária, não falhe" no apoio ao concelho, dando conta de que à queixa de que não tinha comunicações, António Costa, que se deslocou ao concelho, entregou-lhe um telemóvel de outra rede.
Segundo Fernando Lopes, agora "é deixar arder a floresta" e "proteger pessoas e bens, principalmente casas".
Setenta e cinco por cento da área florestal do concelho ardeu
"Setenta e cinco por cento da área florestal do concelho ardeu, assim como algumas casas", declarou o autarca, que elogia "a onda de solidariedade muito grande".
Classificando essa solidariedade como "uma espécie de conforto", o autarca alertou que "não chega".