Autárquicas: 180 militantes do PSD a caminho da expulsão por apoiarem adversários
O Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) do PSD está a ultimar a análise de 21 processos disciplinares que visam a expulsão de militantes por terem concorrido ou apoiado listas adversárias nas autárquicas de 26 de setembro passado. Só na Figueira da Foz são visados 61 filiados; em Oeiras cerca de meia centena, incluindo o vice-presidente da Câmara, e na Guarda 23.
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A maioria dos processos disciplinares só foram remetidos à Jurisdição depois das eleições diretas de 27 de novembro passado, que ditaram a manutenção de Rui Rio na liderança do PSD, ou seja, precisamente dois meses depois das autárquicas.
Segundo apurámos, dois desses processos já ditaram a expulsão de cerca de duas dezenas de militantes. Atualmente, 17 estão nas mãos dos nove membros do "tribunal" do PSD para que seja feito um relatório. Faltam distribuir quatro.
O presidente do CJN, Paulo Colaço, conta ter tudo "resolvido" ou, pelo menos, "encaminhado" até ao final do seu mandato, ou seja, até ao congresso de 1 a 3 de julho, no Porto.
Estatutos são claros
Os militantes visados nos 17 processos já foram notificados para prestarem esclarecimentos. Acresce que a análise é simples, uma vez que os estatutos do PSD e o Regulamento Disciplinar são claros e não deixam margem de manobra: quem concorrer ou apoiar listas adversárias é expulso do partido.
"Ninguém gosta destes processos. Desfiliar companheiros é sempre uma situação triste. Já desfiliei amigos. Mas as regras são claras, conhecidas e não apanham ninguém de surpresa", diz Paulo Colaço.
Autarcas visados
No total, são cerca de 180 os militantes que vão ter que estar afastados do partido durante cinco anos. Só 61 são da Figueira da Foz. Integraram as listas ou ocuparem cargos na estrutura de campanha do movimento independente liderado pelo antigo líder do PSD, Pedro Santana Lopes.
Em Oeiras, entre perto de meia centena de militantes encontra-se o atual vice-presidente da Câmara, Francisco Rocha Gonçalves, o vereador Armando Soares e o presidente da União de Freguesias Carnaxide e Queijas, Inigo Pereira. Militantes que alegam terem saltado para o lado de Isaltino Morais quando, numa reunião da Concelhia de 29 de março, foi-lhes transmitida a garantia de que a Comissão Política Nacional decidira apoiar o autarca independente. O PSD acabou por apostar no líder da JSD, Alexandre Poço. O mesmo aconteceu também em Grândola, onde o PSD acabou por ter uma lista encabeçada por Jacinto Ventura.
Já na Guarda são 23 os militantes à espera de expulsão. Chegou a ser apontado que, entre eles, estaria Sérgio Costa, que concorreu como independente e acabou por ganhar a Câmara, até então nas mãos do social-democrata Carlos Chaves Monteiro. Mas o autarca garante que concretizou a saída do partido no dia em que apresentou a sua candidatura como independente e que também abandonou a liderança da concelhia.