Pandemia faz candidaturas redefinirem atividades de campanha para conseguirem cumprir as regras de saúde pública. Cartazes e panfletos no correio voltam a ser opção.
Corpo do artigo
A pandemia fez as candidaturas autárquicas alterarem as suas atividades de campanha eleitoral. A maioria vai apostar sobretudo em ações ao ar livre e nas redes sociais. As arruadas estão afastadas. As comitivas reduzidas ao mínimo. E, ao contrário do que vinha a acontecer, reforçou-se a aposta em cartazes e na distribuição de panfletos pelas caixas do correio.
O Porto é um exemplo do que se passa no país. O candidato social-democrata, Vladimiro Feliz, foi o primeiro a saltar para o terreno. Uma medida imediata foi recusar qualquer sede física. "Não queremos pessoas em salas, em ambientes fechados", justifica o diretor de campanha, Tiago Mota Costa, referindo que se transformou um autocarro aberto numa sede móvel.
Além disso, todas as ações temáticas, como debates, serão feitas ao ar livre, com os intervenientes a participarem via zoom e com transmissão online. "Vamos apostar nas plataformas digitais", acrescenta, referindo ainda que a candidatura vai fazer chegar as suas propostas aos eleitores também através do correio.
Já nas visitas institucionais, a comitiva será reduzida "a cinco ou seis pessoas no máximo". "Não temos previstas arruadas", antecipa Tiago Mota Costa.
De fora da sede
O independente Rui Moreira começou mais tarde. Mas vai para a rua com as mesmas preocupações. "É lógico que vamos privilegiar o contacto e as ações de rua em detrimento da sede", vinca o seu diretor de campanha, Vasco Ribeiro. Além disso, será potenciado o facto de o presidente da Câmara do Porto ser uma das figuras "com maior profusão nas redes sociais". "Vamos levar muito a sério o suporte digital", avança ainda Vasco Ribeiro.
Ali ao lado, em Gondomar, o socialista Marco Martins nem sequer vai fazer visitas institucionais. A sua campanha terá ações de rua, mas com comitivas muito reduzidas. As arruadas também estão fora de questão.
"Vamos privilegiar o ar livre e as transmissões online. É o caso da apresentação da candidatura, com 40 pessoas num espaço ao ar livre com 400 metros quadrados e transmitida online", vinca o autarca Marco Martins, referindo que não serão distribuídos flyers nem brindes.
Brindes eliminados
Entre os bloquistas, a orientação também vai no sentido de se privilegiarem as ações o ar livre. Aliás, é assim que têm decorrido todas as apresentações de candidatos em que a coordenadora nacional, Catarina Martins, tem participado.
"Nas ações ao ar livre, há sempre um número limitado de pessoas. Faremos visitas institucionais, mas com uma delegação muito pequena e teremos uma forte presença nas redes sociais", revela o coordenador autárquico, Fabian Figueiredo.
De igual modo na CDU: "A campanha procurará contribuir para uma ampla ação de esclarecimento, assegurando as medidas de proteção sanitária, privilegiando iniciativas ao ar livre e o contacto direto e diálogo com as pessoas sobre as razões para o voto na CDU".
Máscaras e múpis
E ainda no PAN. "As apresentações dos candidatos já têm sido ao ar livre, com um número reduzido de pessoas. Vamos evitar os flyers e apostar nas redes sociais e nas transmissões online. E, ao invés de brindes, vamos distribuir máscaras", revela a porta-voz do PAN.
Segundo Inês Sousa Real, o PAN também vai reduzir, ao mínimo, as comitivas que acompanham os candidatos nas visitas. "Iniciativas como arruadas estão fora de equação", garante.
Já a Iniciativa Liberal vai repetir as estratégia das legislativas muito assente nas redes sociais e nos cartazes. "Há candidaturas a promover caminhadas ou ações de limpeza. Outras múpis. Em Sintra, por exemplo, foram distribuídos 90. Tudo o que poderia ocorrer em espaços interiores está a passar para o exterior", aponta Rodrigo Saraiva, sintetizando: "As candidaturas estão a adaptar localmente o que funcionou bem nas legislativas".
Cronograma das autárquicas
2 Agosto: Data-limite para a entrega das listas de candidatos autárquicas nos tribunais de comarca. No caso dos independentes, têm que ir acompanhadas pelas assinaturas.
9 Agosto: O juiz tem que ter concluída a verificação da regularidade do processo, a autenticidade dos documentos que o integram, a lista e a elegibilidade dos candidatos.
13 Agosto: Têm que estar suprimidas todas as irregularidades e substituídos candidatos que tenham sido considerados inelegíveis.
16 Agosto: Prazo para apresentar reclamações junto do juiz da Comarca, que tem dois dias para decidir.
23 Agosto: Último dia para apresentar recurso junto do Tribunal Constitucional das decisões do juiz de Comarca. O recurso tem que ser interposto no prazo de 48 horas a contar da afixação das listas. Os recursos das decisões sobre denominações, siglas e símbolos de independentes têm caráter urgente e têm que ser decididas no prazo de 72 horas.
23 Setembro: Data-limite para a desistência de algum candidato ou de uma lista.
16/21 Setembro: Período em que decorre o voto antecipado junto do presidente da Câmara. Nas prisões e hospitais será entre os dias 13 e 16. Já o voto em confinamento, será entre 16 e 19.