Oito candidatos procuram conquistar câmaras diferentes das que lideraram. A maioria dos "dinossauros" avança em listas do PSD ou de movimentos de cidadãos.
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Há 27 autarcas visados pela lei de limitação de mandatos que procuram regressar ao Poder Local ou manter-se, saltando de concelho. Desses, a maioria avança pelo PSD ou como independentes. Três enfrentaram problemas com a Justiça e oito concorrem às eleições deste ano com o rótulo de "paraquedistas".
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Dos oito que procuram saltar de concelho, há quatro que presidem atualmente a um município, mas não podem recandidatar-se devido à limitação de mandatos: Maria das Dores Meira (CDU) sai de Setúbal para tentar reconquistar Almada ao PS; José Calixto (PS) sai de Reguengos de Monsaraz e concorre a Évora; Fermelinda Carvalho (PSD) tenta mudar de Arronches para Portalegre; e Rui André (PSD) sai de Monchique rumo à conquista de Portimão, onde a socialista Isilda Gomes vai para o último mandato.
Os restantes quatro já abandonaram o Poder Local e procuram o regresso, concorrendo a um concelho diferente: Raul Castro (independente) foi autarca em Leiria e concorre agora à Batalha; Francisco Tavares (PSD), que presidiu durante 28 anos à Autarquia de Valpaços, avança a Chaves; José Manuel Carpinteira (PS), que geriu durante 25 anos o Município de Vila Nova da Cerveira, concorre a Valença; João Azevedo (PS), que presidiu a Mangualde durante dez anos, procura conquistar Viseu.
Política de proximidade
Dos 27 autarcas que procuram regressar ou manter-se no Poder Local, a maioria concorre ou por listas sociais-democratas ou como independentes (nove cada). Já seis avançam pelo PS e três em listas da CDU.
José Manuel Carpinteira é dos ex-autarcas mais antigos que tentam o regresso. Presidiu a Vila Nova de Cerveira durante 24 anos e, agora, avança ao concelho onde reside: Valença. "É uma terra que me diz muito. Não concorri na altura, porque não faria sentido saltar logo para outro", justifica o deputado, vincando: "Gostei da experiência parlamentar. Mas a política de proximidade diz-me mais".
Já o comunista Carlos Humberto procura regressar ao concelho que liderou durante 12 anos e que teve de abandonar devido à limitação de mandatos: Barreiro, atualmente nas mãos do PS. "Nunca saí do Barreiro nem o Barreiro saiu de mim. Por isso, não é um regresso. Vou dar continuidade a um trabalho", refere.
As saudades da terra
Entre os nomes mais mediáticos salta à vista o do antigo primeiro-ministro que geriu Lisboa, mas arrancou no Poder Local na Figueira da Foz. "Concorri a Lisboa por solicitação do meu partido. Ficou sempre saudade da Figueira. O regresso nunca se proporcionou. Não iria concorrer contra quem foi meu vice-presidente", explica Pedro Santana Lopes, que avança como independente à atual Câmara do PS.
Há, porém, um regresso inesperado: o de Fernando Ruas. O ex-presidente da Associação Nacional dos Municípios foi forçado a levantar-se da cadeira de deputado para tentar manter Viseu no PSD, após a morte de Almeida Henriques. "É um desafio, de facto. Espero ser apreciado pela obra feita. Mas penso que as pessoas já me conhecem", diz.
Três tiveram problemas com a Justiça
Entre os 27 antigos presidentes de Câmara que procuram regressar ao Poder Local, há três que tiveram problemas com a Justiça. Todos concorrem como independentes. Manuel Navarra, que atualmente preside aos Bombeiros Voluntários da Vidigueira, procura voltar a liderar a Autarquia que geriu entre 2005 e 2017. O ex-autarca foi acusado pelo Ministério Público de peculato, por ter recebido 43 mil euros de ajudas de custo, alegando usar viatura própria. Já Manuel Marreiros saiu da Câmara de Aljezur quando foi condenado no mesmo processo que o autarca José Amarelinho pelo crime de prevaricação no licenciamento de obras. Atualmente preside à Associação de Produtores de Batata. Por sua vez, Luís Correia procura reconquistar a Câmara de Castelo Branco, que liderou pelo PS, até que, em julho de 2020, perdeu o mandato por crime de prevaricação. O caso ainda decorre no Tribunal da Relação de Coimbra.
A lei de limitação da mandatos foi aprovada em 2005. Mas só entrou em vigor em 2013. Na altura, a lei n.o 46/2005, de 29 de agosto, visou 41 autarcas. Impede que um presidente de Câmara ou um presidente de Junta exerça mais do que três mandatos consecutivos no mesmo concelho ou freguesia.