Municípios pedem ao Governo que utilize os 100 milhões que sobram do Portugal 2030 para iniciar projeto.
Corpo do artigo
A Assembleia Intermunicipal da Comunidade do Cávado vai pedir ao Governo que use os 100 milhões de euros que estavam previstos no programa europeu Portugal 2030 para o autocarro rápido (BRT) de Braga na construção de uma ligação, tipo metro de superfície, entre Guimarães, Braga, Barcelos e Famalicão. Ontem à noite, a moção foi votada por unanimidade e o JN sabe que idêntica proposta será decidida na CIM do Ave.
A iniciativa prende-se com o facto de o Governo - que se reúne em Braga, em Conselho de Ministros, no dia 4 de maio - ter decidido incluir o BRT de Braga no Plano de Recuperação e Resiliência, com quantia idêntica, o que deixa livre aquele montante inscrito no programa europeu. Contudo, ao que o JN apurou, o Governo estava a pensar alocar o montante no lançamento do BRT de Guimarães, equiparando, de algum modo, as duas maiores cidades do distrito.
Apoio de Guimarães
Ao JN, o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, diz não ter essa informação e que o BRT do concelho é um projeto consolidado, mas salienta que apoia uma outra solução para a mobilidade no quadrilátero. "Temos trabalhado, nomeadamente com Braga, numa ligação entre as duas cidades e, também, em conexões ao futuro comboio de Alta Velocidade Porto-Vigo", refere.
"É fundamental uma ligação Guimarães/Braga e não podemos ficar longe do comboio de alta velocidade"
No mesmo sentido se pronuncia o autarca de Braga, Ricardo Rio, que apoia a moção da CIM-Cávado, mas acentua que "a ligação entre Braga e Guimarães é muito importante".
"Apoio totalmente a moção! O quadrilátero urbano precisa de uma solução de mobilidade"
Ainda a este propósito, o presidente da Câmara de Barcelos, Mário Constantino, assegura ao JN que é fundamental que se avance com a construção de uma ligação - por comboio, autocarro rápido ou metro de superfície - entre as quatro cidades do quadrilátero urbano: Barcelos, Braga, Guimarães e Famalicão. "Seria um fator de incremento da mobilidade na nossa região, com impacto muito positivo na economia", vinca.
"Além da mobilidade no quadrilátero, Barcelos precisa de ligações às autoestradas A3 e A7"
A moção da CIM Cávado, que foi defendida por Alexandrino Ribeiro do PSD de Barcelos e teve o voto favorável do PS, defende que os 100 milhões inicialmente inscritos no Programa Ação Climática e Mobilidade sejam transferidos para a construção de uma ligação entre os quatro municípios. Tal implicaria - diz o deputado municipal - a construção de quatro linhas: Barcelos/Braga, Braga/Guimarães, Guimarães/Famalicão e Famalicão/Barcelos. A moção lembra que na área da CIM Cávado e da CIM do Ave vivem 846 mil pessoas, as quais seriam beneficiadas pelo desenvolvimento económico que tal transporte proporcionaria à região.
O JN tentou sem sucesso ouvir o autarca de Famalicão.
Gastos
600 milhões de euros
Para construir uma solução de mobilidade no quadrilátero deverão ser necessários pelo menos 600 milhões de euros, já que era preciso investir em quatro linhas, estudos e projetos e expropriações.