Bilhetes dos autocarros triplicaram este mês. Alternativa da universidade não serve para todos.
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Os estudantes residentes em Guimarães que frequentam o Ensino Superior em Braga estão entre os mais afetados pelo aumento do preço da viagem entre as duas cidades, no percurso via autoestrada com passagem pelos campi. Um bilhete de ida e volta custava, até dezembro último, 2,20 euros, e no início deste mês passou para 3,95 euros, só num sentido. A Autoridade Intermunicipal de Transportes do Cávado afirma que as tarifas resultam da aplicação das diretivas da entidade reguladora, que anualmente procede à determinação da taxa de atualização tarifária. A única alternativa são os autocarros da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), mas não servem a todos os alunos.
Até ao final de 2022, os estudantes que viajavam entre Guimarães e Braga usavam os autocarros da Transdev, que cobrava pela viagem o mesmo que a AAUM, que também tem autocarros a fazer o trajeto: 1,60 euros, numa só direção, ou 2,20 euros, para ida e volta. Em janeiro, entrou em funcionamento, no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Cávado, uma nova concessão (Cávado Mobilidade), operada pelo consórcio Transdev, AVIC e AV Minho. No arranque, o valor dos bilhetes baixou para um euro em cada direção, contudo, no início deste mês, uma nova alteração colocou o preço em 3,95 euros, só ida.
Críticas
Esta oscilação do preço deixou os estudantes aflitos. Tatiana Oliveira, de 18 anos, que estuda Marketing no IPCA de Braga e vive em Guimarães, confessa não ter solução, restando-lhe fazer o que tem feito: "pedir boleia". Ao JN, a AITC disse que os preços nos dois primeiros meses do ano foram "tarifas promocionais da responsabilidade dos operadores". Mas a justificação dada aos estudantes foi a de um problema com a bilhética. Muitos estudantes não têm alternativa, uma vez que o outro operador da zona, a Ave Mobilidade, não explora esta linha.
A AAUM também opera entre os dois campi, transportando diariamente 1800 alunos. Mas este serviço só serve os estudantes da UMinho, ficam de fora os do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) e os da Católica. Os próprios alunos da UMinho nem sempre arranjam lugar devido ao aumento da procura. "A AAUM já teve de reforçar alguns horários", confirma Joana Fraga, presidente-adjunta da associação.
O IPCA tem uma carreira entre os polos dos dois concelhos, "mas o campus de Guimarães fica no Avepark, perto das Taipas, a meio caminho entre as duas cidades", queixa-se Tatiana.
Gabriela Guimarães, de 19 anos, aluna de psicologia na Universidade Católica, em Braga, e residente na Cidade Berço, diz que "isto é para obrigar os estudantes a tirarem o passe que custa perto de 50 euros". A jovem só gastava 26 euros por mês por ter apenas três dias de aulas por semana.
Passes
Estudantes do Secundário em terra
Os alunos das freguesias mais distantes de Guimarães, onde a Guimabus não chega ou tem poucos horários, estão a ver os seus passes rejeitados pelas máquinas da Ave Mobilidade. Apesar de a interoperabilidade estar assegurada contratualmente, há um problema nas máquinas que não leem os passes, explica a vereadora dos Transportes, Sofia Ferreira.</p>
Inês Rodrigues, estudante na Secundária Francisco de Holanda, moradora em Gonça, tem sido obrigada a pagar o bilhete e apresentou o caso na reunião de Câmara da passada quinta-feira. "Já assisti a colegas que tiveram de abandonar o autocarro porque não tinham dinheiro", queixa-se a aluna. Sofia Ferreira aconselha os alunos a pedirem o reembolso destas viagens à CIM do Ave e afirma que o "operador está a tentar resolver o problema com a maior brevidade".
Valores
3,95 euros por um bilhete só num sentido
Transporte por autoestrada e com passagem pelos campi universitários passou de 2,20 euros (preço praticado em dezembro passado) por viagem de ida e volta para 3,95 só num sentido.