Reitor da Universidade lisboeta proíbe qualquer atividade praxista. Coimbra garante cumprir regras da DGS.
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Há quem seja a favor e quem seja contra, mas o certo é que a praxe é uma prática comum nas universidades portuguesas. Ou era. É que, este ano, devido à pandemia, os "caloiros" que ingressem no Ensino Superior, em Aveiro, no Porto e em Lisboa não vão ser submetidos à mesma.
Só Coimbra parece resistir, para já, no que diz respeito a manter a controversa tradição, apesar de o Conselho de Veteranos - organização responsável pela praxe naquela universidade - garantir que as normas da Direção-Geral da Saúde (DGS) vão ser cumpridas.
"É proibida a realização de quaisquer atividades relativas a praxes académicas, qualquer que seja a forma que possam assumir e o local onde decorram", deliberou, ontem, António Cruz Serra, reitor da Universidade de Lisboa, num despacho a que o JN teve acesso.
No mesmo documento, o responsável deixou claro que "a realização de quaisquer atividades relativas a praxes académicas (...) constitui uma infração disciplinar" e que a situação de pandemia "exige a todos os membros da comunidade académica contenção em relação a um conjunto de atividades, que são incompatíveis com as normas aprovadas e cuja realização o país não compreenderia, face à contenção que lhe é exigida".
Nem há organização
Também em Aveiro, parece que este ano tudo vai ser diferente. Habitualmente, o responsável pelas atividades em questão é uma organização intitulada Conselho do Salgado, cujos responsáveis o JN não conseguiu contactar. "Não temos indicação de que essa estrutura tenha, atualmente, alguém nomeado como responsável. Por isso, do que temos conhecimento, não há indicação de que vá haver praxe", adiantou António Alves, presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro.
Já no Porto, a decisão da "suspensão de todas as atividades de praxe" foi tornada pública, na semana passada, pelo Magnum Consilium Veteranorum da Academia do Porto, organismo responsável pela realização das mesmas.
Com alterações
Coimbra parece ser, por isso, a única das maiores academias portuguesas a manter as praxes. Matias Correia, líder do Conselho de Veteranos, confirmou - à semelhança do que tinha sido noticiado em agosto - que, "em princípio, a praxe não será suspensa", mas que "vai sofrer alterações". Ontem à noite, estava previsto o Conselho de Veteranos tornar públicas as suas diretrizes da atividade praxista. Os resultados do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior são divulgados na segunda-feira e as aulas iniciam-se na semana seguinte.
A SABER
"Meio eficaz"
Para justificar a decisão do Conselho de Veteranos de Coimbra, Matias Correia, em agosto, tinha referido que "ao nível da integração e da interação dos caloiros, a praxe acaba por ser um meio bastante eficaz". "É justificável que aconteçam as atividades praxistas", declarou.
Impasse no Minho
Em julho, dois dias depois de ter anunciado o regresso das praxes no ano letivo 2020/2021, o Cabido de Cardeais - estrutura responsável por essas atividades na Universidade do Minho - recuou na decisão, após contestação da reitoria e da associação académica.
Reunião hoje
O Cabido de Cardeais reúne-se hoje à noite. Na ordem de trabalhos está a discussão da "situação atual da praxe minhota", pode ler-se na convocatória.