Lugar de deputado dará voz a Pedro Nuno Santos para uma corrida à liderança do PS. Ana Gomes diz que não sai fragilizado do Governo.
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Após sete anos no Governo, Pedro Nuno Santos sai com elogios de socialistas e de outros ministros. Vai ocupar o lugar de deputado pelo círculo de Aveiro e o grupo parlamentar do PS poderá servir de trampolim para o eterno candidato à sucessão de António Costa se lançar nesta corrida interna. Ao JN, Ana Gomes diz acreditar que o ministro demissionário "não sai fragilizado". E considera mesmo que a sua experiência governativa em diferentes áreas será "muito útil" ao PS, para recuperar "o vigor político" do partido, e também ao país.
Nas reações à saída do ministro das Infraestruturas e da Habitação, vários governantes elogiaram o seu contributo e procuraram dar sinais de coesão no Governo.
Foi o caso da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, da ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, e do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro. Este governante sublinhou, inclusive, que o Governo, "suportado na Assembleia da República com uma maioria política de um partido, tem condições para continuar o seu trabalho".
Quanto ao futuro político de Pedro Nuno Santos, fontes socialistas acreditam que o seu objetivo poderá ser usar o Parlamento para ganhar força enquanto candidato à sucessão de Costa. Ao mesmo tempo, recordam que o primeiro-ministro já avisou que fica até ao final do mandato.
"Não vejo que Pedro Nuno Santos esteja fragilizado, pelo contrário", disse, ao JN, Ana Gomes, que há muito disse apoiar este socialista quando for aberta a corrida à liderança do PS. "Com experiência governativa em vários domínios, a sua voz pode ser muito útil para o PS ganhar o vigor político que perdeu", desde que ficou "sem autocrítica interna", afirmou ainda a ex-eurodeputada, que foi candidata à Presidência da República.
Considerando que "sai a tempo de revigorar o PS", Ana Gomes diz que o ministro "sai como sempre esteve no Governo, com seriedade, convicção e dignidade", numa atitude "nobre".
"Não foi dignificante"
Recordando o "negociador competente que fez funcionar a geringonça", nota ainda o seu papel no plano ferroviário, na solução para a TAP e na habitação.
Pelo contrário, Daniel Adrião, líder de uma corrente alternativa no PS, diz ser "óbvio que sai fragilizado" com este episódio que "não foi dignificante", notando que esta será também a visão da opinião pública.
"Não sai por cima", garante o dirigente socialista, considerando que a discussão sobre a liderança é "completamente extemporânea" porque Costa já repetiu que fica quatro anos. A seu ver, o próprio primeiro-ministro alimentou este debate ao expor, na primeira fila do congresso, os seus possíveis sucessores.
No elogio a Pedro Nuno, a ex-ministra Alexandra Leitão referiu que tem uma "visão global para o país".