O Banco Alimentar Contra a Fome recebeu mais de nove mil pedidos de ajuda em duas semanas. E teme que os pedidos não parem de chegar.
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"Vão ser tempos muto difíceis", antevê a presidente da instituição, Isabel Jonet, revelando que a maior parte das pessoas que precisam de ajuda residem nas regiões de Lisboa, Setúbal e Porto. São trabalhadores do turismo e do circo, feirantes e jogadores de futebol de campeonatos regionais.
"Muitas pessoas ficaram sem comida, porque ficaram sem emprego", lamenta Isabel Jonet, revelando que, nos últimos cinco dias, o Banco Alimentar Contra a Fome recebeu 1357 pedidos de ajuda. Em duas semanas, foram 9200 pedidos. "Uma loucura! O mais impressionante é que isto é para aumentar", teme a presidente da instituição.
Dos mais de nove mil pedidos, cerca de 4500 são de pessoas residentes nas regiões de Lisboa e Setúbal. Perto de 1300 são do Porto.
"Não se imagina a dureza das situações. São pessoas que ficaram sem qualquer tipo de remuneração e têm que pagar prestação da casa e comida", destaca Isabel Jonet, revelando que a maior parte trabalhava no setor do turismo, como condutores de tuk-tuk, além de feirantes, trabalhadores de circo e jogadores de futebol da terceira ou quarta divisão.
Canal de doações online
O Banco Alimentar tinha stock até ao final de maio. Mas, face ao aumento do número de pedidos e ao facto de ter sido obrigado a cancelar a habitual campanha de recolha de alimentos em maio, por causa da pandemia, teme-se que venha a ocorrer "um problema terrível" na gestão de stocks de uma instituição que ajuda cerca de 400 mil pessoas.
"É um grande constrangimento, uma vez que estas campanhas de recolha representam a grande maioria do abastecimento para os seis meses seguintes", lamenta Isabel Jonet.
Por isso, foi criada a Rede de Emergência Alimentar e foi aberto um "canal das doações online", onde, além de géneros essenciais (como arroz, azeites, leite e enlatados), é possível fazer donativos em dinheiro. Trata-se do site www.alimenteestaideia.pt.