BE diz que maioria absoluta do PS é arrogante e "mais papista que o Papa de Bruxelas"
Catarina Martins acusou o Executivo de António Costa, que descreve como arrogante, de ser "mais papista que o Papa de Bruxelas" e ter fechado de vez "breve parêntesis aberto com a geringonça", disse. O Bloco de Esquerda reuniu-se este sábado, na IV Conferência Nacional, em Lisboa, para discutir o rumo estratégico do partido e refletir sobre os resultados obtidos nas eleições de 30 de janeiro.
Corpo do artigo
Num discurso que começou por revelar as preocupações ambientais do BE, vincando a sua importância e luta anticapitalista como única solução, foram as críticas ao PS que mais marcaram a sua intervenção.
Catarina Martins falou para dentro e para fora do partido. Definiu o Bloco como a esquerda que lutará contra a catástrofe climática, a guerra e a ameaça atómica, e contra a "arrogância da maioria absoluta" obtida pelo PS.
Para a líder do BE, a maioria absoluta obtida pelo PS, e a forma como tem agido, encerra um capítulo de cooperação. "O PS fechou em definitivo o breve parêntesis aberto com a geringonça e abandona até os poucos e modestos objetivos de política social que se tinha colocado nesses anos", atirou.
A coordenadora do BE voltou a criticar António Costa por rejeitar a subida dos salários para fazer face à inflação, críticas já reiteradas durante a discussão do Orçamento do Estado para 2022, e acusou o PS de aproveitar a inflação para "desfazer a tímida recuperação dos salários mais baixos que teve de aceitar sob a geringonça".
PS alimenta "ressentimento social"
Se, no Parlamento, António Costa tem sido certeiro nas respostas que dirige a André Ventura, reconheceu a Catarina Martins, fora do Parlamento o PS age de forma diferente, disse. "O problema é que, fora do Parlamento, na vida de todos os dias (...) o PS de António Costa alimenta o ressentimento social que a extrema-direita explora".
Voltando a uma matriz mais assertiva, Catarina Martins definiu o BE como "a esquerda que responde à extrema-direita com a defesa do estado social", feminista, anti-racista, ecologista, anticapitalista e que se afirmará como a "luta pela alternativa", depois do "voto do medo" - deixando subentendido que a vitória do PS se deve ao medo da extrema-direita.