O Bloco de Esquerda revelou, esta quarta-feira, que ainda não tomou uma decisão sobre a orientação de voto do partido sobre o Orçamento de Estado 2021 e sublinha que "não fecha portas à negociação", mas deixa críticas à proposta apresentada pelo Governo. Tomada de posição será a 25 de outubro.
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A Comissão Política do Bloco de Esquerda revela, numa nota de imprensa, que as negociações com o Governo não foram bem-sucedidas, já que as principais preocupações do partido "não têm resposta na proposta de OE2021" entregue no Parlamento.
O BE acredita que o documento final deveria responder de forma imediata à crise, com "medidas efetivas e de impacto imediato", o que não acontece neste momento. Sem fechar portas às negociações, o texto sublinha as prioridades do partido: "travar a vaga de despedimentos, apoiar as vítimas da crise evitando que fiquem em situação de pobreza, reforçar efetivamente o Serviço Nacional de Saúde e impedir nova injeção pública no Novo Banco".
A decisão sobre o voto do Bloco de Esquerda na votação da generalidade do OE2021 será tomada pela Mesa Nacional, convocada para 25 de outubro de 2020.
Na terça-feira, o BE sublinhou que as divergências sobre o Orçamento do Estado para 2021 não são sobre detalhes, "mantendo a porta aberta" para que o PS reconsidere em quatro matérias, sem as quais não tem condições para viabilizar o documento.
Numa reação preliminar à proposta do Governo do OE2021, a deputada do BE Mariana Mortágua começou por salientar que "não existem grandes surpresas" face àquilo que já se conhecia quando a coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou, na segunda-feira, que, com o que se conhecia naquele momento, o partido não tinha condições para viabilizar o orçamento.
"As divergências que neste momento existem não são diferenças de detalhe, são diferenças do centro da resposta à crise", explicou a deputada bloquista, fazendo questão de começar por sublinhar o porquê de este orçamento ser diferente dos anteriores.
Apesar desta posição crítica, o BE, segundo Mariana Mortágua, "mantém a porta aberta" à negociação para o caso de o governo "mudar a sua posição" em quatro temas essenciais para o partido, que são travar a vaga de despedimentos, proteger o Serviço Nacional de Saúde, impedir mais recursos para o Novo Banco sem uma auditoria e retirar as pessoas da pobreza com uma prestação social que responda.
"Mantemos a porta aberta para que, se o PS quiser, reconsiderar acerca destas medidas que conhece há meses", salientou, deixando então claro que o espaço para reconsiderar existe até à votação na generalidade do OE2021.