Catarina Martins não tem dúvidas que os impostos que se prometem baixar revelam "os lados" que cada partido escolhe. O BE quer reduzir o IVA da energia de 23% para 6%, para chegar "a quem mais precisa".
Corpo do artigo
No início soou a "Inquietação" (José Mário Branco) num dia de águas agitadas na política nacional. O tom bélico do discurso do quinto dia de campanha percebe-se pelo conteúdo do tema, mas na noite de comício do BE, em Almada, Setúbal, nem sombra de estilhaços.
Catarina Martins falou aos militantes de Finanças e garante que em matéria de impostos é possível fazer justiça e chegar a todos. "A energia é um bem essencial e não tem sido tratada como bem essencial e se queremos combater as rendas da energia, intransigentemente, também não podemos deixar que continue este regime em que a taxa da energia é máxima, como se a energia fosse um bem não essencial", começou por explicar.
O compromisso do BE é voltar aos 6% e conseguir uma poupança média de 10 euros por mês na fatura da energia. "Os 23% paga toda a gente, mesmo quem vive com uma pensão que não chega até ao fim do mês, mesmo quem vive com um salário que não o tira da pobreza, mesmo quem precisa do subsídio de desemprego".
A coordenadora do partido diz que "tem ouvido muitas vezes a Direita dizer que é preciso baixar impostos", mas defende que este é o que mais diz a todos os portugueses.
A festa de que Catarina Martins falou quando no início do discurso saudou os militantes acabaria com uma banda sonora bem conhecida de outros palcos - "A Internacional", entoada a pedido de Fernando Rosas, fundador do partido, em terra de resistentes antifascistas.
"À bulha por meio lápis"
A frase é de Joana Mortágua, candidata por Setúbal, que se apresentou com um pequeno lápis verde do PS em palco. "Estavam contentes por ter um lápis para distribuir à população e veio o Mário Centeno e, zás, cativou metade do lápis".
A metáfora do lápis arrancou gargalhadas e serviu para criticar "os dois candidatos a primeiro-ministro" - António Costa e Rui Rio - por fazerem contas que "não batem certo" e faltar sempre "um bocado do lápis".
A primeira parte do discurso que fez aos militantes, na sala da Incrível Almadense, bem podia ser o início de um monólogo. Contou a história de Julieta, uma idosa de 84 anos que recebeu uma carta de despejo, para problematizar o direito à habitação.
"O BE vai propor que o município de Almada seja considerado em estado de carência de habitação", declarou. "O elevador social nunca foi instalado no Bairro da Jamaica e nunca foi instalado no Segundo Torrão".