O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, e o bispo de Viseu, D. António Luciano, mantêm em funções dois sacerdotes acusados de terem abusado de menores, apesar do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) já ter defendido o afastamento dos padres acusados de abusos sexuais.
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Na Guarda, a denúncia foi feita por um jovem sacerdote contra um pároco na localidade onde vivia. O caso, denunciado ao Ministério Público, está a ser investigado pela PJ da Guarda. O alegado autor dos abusos tem 62 anos, é natural de Foz Coa e foi ordenado padre com cerca de 30 anos. Então, foi colocado numa paróquia da Covilhã onde prometia ajudar os jovens que desejavam ingressar no seminário. Terá sido num desses encontros de preparação que os abusos aconteceram.
O sacerdote que apresentou queixa contra o colega tinha, à data dos abusos, 12 anos e garante que foram abusados mais dois rapazes. "Há um entendimento de que os sacerdotes devem ser afastados até para preservá-los da opinião pública, mas não há lei que obrigue a isso", disse, ao JN, um padre.
Em comunicado, D. Manuel Felício garante que "sempre comunicou a quem de direito todas as denúncias, mesmo as anónimas". Mas não deu resposta as questões, colocadas pelo JN, sobre a que organismos foram comunicadas e por que é que o sacerdote em causa não foi afastado.
Pedido de ajuda
Em Viseu, a denúncia contra um sacerdote que cuida de várias paróquias foi apresentada por uma mulher, que diz ter sido "violentada". À data, era adolescente, frequentava um estabelecimento de ensino religioso e pretendia ser freira. O caso foi comunicado à Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis. Mas também foi denunciado pela linha telefónica criada pelos Jesuítas.
"Houve uma mulher que sinalizou uma situação que se passou há vários anos e que pediu a nossa ajuda para fazer chegar essa denúncia à diocese de Viseu", explicou fonte da Companhia de Jesus. Os jesuítas limitaram-se a sinalizar e dar seguimento à queixa para a comissão diocesana. "Não sabemos o que foi feito depois. Limitámo-nos a fazer o que ela pediu", declarou a mesma fonte. Porém, o sacerdote sob suspeita continua responsável por várias paróquias. A diocese não respondeu às perguntas do JN.