Apenas Vila Real e Setúbal ainda não se pronunciaram sobre o relatório. Há também três leigos apontados, Leiria suspendeu um.
Corpo do artigo
As dioceses já têm em seu poder pelo menos 82 nomes de padres e três leigos suspeitos de abusos sexuais. Os nomes foram entregues pela Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja aos bispos e, em cada local, estão a ser analisados e, em alguns casos, consultados arquivos para validar identidades. Apenas Vila Real e Setúbal (que está sem bispo nomeado e é gerida por um administrador diocesano) ainda não se pronunciaram.
Dos 82 sacerdotes apontados, seis foram suspensos preventivamente - um na Guarda, dois em Braga, dois nos Açores e um em Évora (em Viseu um dos suspeitos está afastado desde 2021) -, assim como um leigo da diocese de Leiria-Fátima que "por precaução foi afastado. Há outro leigo em Fátima "cuja identificação ainda não está cabalmente determinada, podendo tratar-se de uma pessoa já falecida". Braga tem outro caso de um leigo não identificado.
Várias dioceses pediram esclarecimentos adicionais à comissão liderada por Pedro Strecht que está a disponibilizar informações. Lisboa, com 24 nomes, e o Porto, com 12, são as dioceses com mais padres indicados, mas ainda nenhum afastado (ler ao lado).
Apresentar fatura da consulta
Nas dioceses de Braga e Lisboa já há vítimas de abusos praticados por sacerdotes que estão a receber apoio psicológico e psiquiátrico. Das 34 denúncias apresentadas nas Comissões Diocesanas de Proteção de Menores em todo o país, há locais onde ainda ninguém manifestou interesse em receber ajuda clínica.
"As vítimas podem optar pelos psiquiatras e psicólogos que as comissões disponibilizam ou escolher outro profissional", disse ao JN Paula Margarido, secretária da Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas. Após a consulta, a vítima deve entregar a fatura na diocese e o dinheiro será devolvido. As comissões diocesanas estão a coordenar procedimentos para que, independentemente do local onde as vítimas estejam, haja uniformidade na forma como se desenrolam os processos. "Há dioceses onde está tudo pronto mas onde ainda nenhuma vítima mostrou interesse em receber ajuda", disse ainda Paula Margarido.
O novo organismo proposto pela Comissão Independente e anunciado por D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), para gerir a questão dos abusos vai funcionar em articulação com as comissões diocesanas. O responsável já disse que "tem de ser um grupo que tenha credibilidade perante as vítimas" e "uma capacidade autónoma de apresentação de projetos e de acompanhamento das vítimas".
Ainda sem nomes sobre a sua composição, o organismo deverá receber denúncias. "Há vítimas que, pelas mais variadas razões, não querem falar com as comissões diocesanas e poderão fazê-lo através dessa nova estrutura", referiu Paula Margarido. Esta foi uma das conclusões da reunião entre a Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis e a CEP.