O Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre a falta de acesso a um tratamento inovador no SNS. Em causa os casos, noticiados esta terça-feira pelo JN, de doentes com cancro da mama que se endividam para poderem ser tratadas com pembrolizumab ou que, por falta de condições financeiras, ficam privadas de aceder a este fármaco.
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O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda endereçou duas questões ao Governo, a propósito dos casos de doentes com cancro da mama que desesperam por acesso a tratamento inovador no SNS, noticiados esta terça-feira pelo JN.
Lembrando que "não têm sido raros os casos de longas demoras para introdução de inovação terapêutica em Portugal" e apontando o dedo à "gestão política e orçamental que muitas vezes está por trás de tais demoradas decisões de não autorização e não comparticipação", a missiva endereçada ao Ministério da Saúde, tutelado por Manuel Pizarro, indaga sobre eventuais medidas a serem tomadas de imediato para que os fármacos, "já existentes e com eficácia comprovada, sejam imediatamente disponibilizados e comparticipados, nomeadamente nestas situações de cancro da mama triplo negativo".
Do requerimento, que deu entrada esta terça-feira na Assembleia da República, consta ainda uma segunda questão: "Que medidas serão tomadas, de imediato, para que todas as mulheres em situação de beneficiar de tal terapêutica o possam fazer desde já, sem ter de hipotecar os seus bens e a sua vida?"
O JN deu a conhecer, esta terça-feira, casos de vários doentes que esperam e desesperam pelo acesso gratuito ao pembrolizumab, um tratamento inovador que já é usado no SNS para outros tipos de cancro, mas não para o carcinoma da mama triplo negativo, um dos subtipos mais agressivos da doença.
Isto apesar de se tratar de um fármaco que já foi aprovado pela Autoridade Europeia do Medicamento (EMA) há cerca de um ano e de os estudos mostrarem que tem um efeito potenciador do tratamento, melhorando significativamente o prognóstico a curto e médio prazo e evitando recidivas.
Para ter acesso ao medicamento, Vera Almeida, de 37 anos, teve mesmo de hipotecar a casa. Foi a única forma que arranjou de custear o tratamento que está a fazer na Champalimaud, com um custo total que ronda os 100 mil euros. Mas há também quem o esteja a fazer no estrangeiro. Ou quem simplesmente não o faça, por falta de condições financeiras.