As 13 corporações de bombeiros do Comando Sub-Regional do Baixo Alentejo da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (CSRBA-ANEPC) decidiram não participar no dispositivo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), alegando que a remuneração é baixa. A Federação dos Bombeiros do Distrito de Beja está solidária.
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A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira pelos comandantes das corporações do Baixo Alentejo, exceto Odemira que pertence ao CSR do Litoral Alentejano e vertida num documento de três páginas, que foi enviado à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e à Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
Domingos Fabela, presidente da FBDB, explicou a decisão ao JN. “Como sempre ficámos para o fim. A falta de articulação, comunicação e partilha foi gritante. Só há três dias fomos contactados”, disse, garantindo: “Temos sido outsiders do que está proposto em termos operacionais”.
No documento, os bombeiros e a federação dizem que a ANEPC “elaborou” o Dispositivo Especial de Operações de Socorro (DEOS), em três vertentes, entre eles o Reforço do Sistema Integrado de Emergência Médica (Reforço SIEM), e acusam os responsáveis da Autoridade de “só no passado dia 17 de julho" terem reunido com os Corpos de Bombeiros do Comando Sub-Regional do Baixo Alentejo, "a escassos dias do início do evento”.
O presidente da FBDB assegurou ao JN que não estão em causa aspetos reivindicativos, "mas garantir os meios operacionais para assegurar o socorro na região, face aos fluxos rodoviários esperados nas jornadas, além do empenho no DECIR, no combate aos incêndios rurais”. Lembrou que, após a reunião, os corpos de bombeiros ficaram a saber que “serão alocadas ao Reforço SIEM 20 ambulâncias dos bombeiros do Baixo Alentejo”.
"Um par de lentilhas"
Para deslocar as viaturas para Lisboa, a ANEPC dispõe-se a pagar 10 euros por cada ambulância por dia e 2,67 euros/hora aos operacionais. Domingos Fabela assegura que os CB e os seus profissionais e voluntários “não vão responder a troco de um par de lentilhas. Para participarem nas JMJ2023 ainda tinham que pagar”, concluiu.
No documento, os bombeiros garantem que “contrariamente” às declarações públicas do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, no passado dia 15 de julho em Arcos de Valdevez, as Associações Humanitárias dos Bombeiros “nunca foram consultadas ou trazidas ao processo e o pouco que sabem foi transmitido há três dias”.
O JN contactou a ANEPC, através do Gabinete de Imprensa, de quem aguarda uma resposta sobre a recusa dos CB do Baixo Alentejo de participarem na JMJ 2023 e o que vai fazer para ultrapassar a situação.