O crescente descontentamento entre os coordenadores de agrupamentos de exames que operacionalizam a realização dos exames nacionais poderá colocar em risco a execução destas provas no presente ano letivo. Desde o final de 2022, vários coordenadores de agrupamentos de exames - entre eles os do Norte, Centro e, mais recentemente, Lisboa - colocaram os respetivos lugares à disposição, desagradados com aquilo que entendem ser promessas não cumpridas por parte do Governo.
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Ainda que, por lei, os coordenadores de agrupamentos de exames tenham de se manter em funções até serem substituídos, as respetivas equipas poderão cair caso os professores que as integram decidam demitir-se. Nessa situação, o processo de preparação ficaria parado - o que comprometeria a realização dos exames, sobretudo os do 11.º e 12.º anos.
Ao que o JN apurou, esse cenário não está, nesta altura, colocado de parte, até porque tem vindo a avolumar-se o número de coordenadores de agrupamentos de exames solidários com os colegas que colocaram o lugar à disposição. A recente tomada de posição da Delegação Regional de Lisboa veio engrossar essas fileiras e dar força à possibilidade de uma posição concertada a nível nacional.
A delegação de Lisboa é composta por uma dezena de agrupamentos de exames, sendo que cada um deles presta assistência a dezenas de escolas e colégios durante todo o período de preparação para os exames. Segundo soube o JN, os coordenadores descontentes querem pedir, com caráter de urgência, uma reunião com o presidente do Júri Nacional de Exames.
Reposição dos cortes da "troika" e menos carga horária
Os coordenadores de agrupamentos têm duas reivindicações principais. A primeira é a restituição do corte salarial feito no tempo da "troika" e nunca reposto, sendo que, conforme sublinharam professores ao JN, muitos aceitaram integrar os agrupamentos de exames na condição de que essa questão fosse revista. A reposição dos cortes, vincam, tem sido sucessivamente adiada pelo Governo desde 2015.
A segunda reivindicação prende-se com uma maior redução da componente letiva aos professores envolvidos na elaboração das provas - e a ocorrer mais cedo. Atualmente, estes só têm sido libertados de alguma carga horária em maio, nas semanas que antecedem a época de exames, o que resulta, frequentemente, numa sobrecarga de tarefas a desempenhar.
O braço-de-ferro entre coordenadores de agrupamentos de exames e o poder politico já vem de trás, mas ter-se-á agravado numa reunião recente com o presidente do Júri Nacional de Exames. Muitos dos presentes terão participado no encontro com a esperança de ver as suas reivindicações atendidas, tendo esse sentimento dado lugar ao desânimo quando constataram que não haveria desenvolvimentos.
Existem 35 agrupamentos de exames a nível nacional. Norte, Centro e Lisboa somam, ao todo, 27.