A secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, diz que "não há como voltar atrás," em ter esta Secretaria num território mais periférico de Portugal, como a que está em Bragança há dois anos, independentemente da cor política do Governo e mesmo que tal facto não seja do conhecimento da população local.
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"Não ter seria um grande retrocesso na coesão territorial, que tem esta responsabilidade não só da valorização do Interior, mas do desenvolvimento do país à mesma velocidade", explicou Isabel Ferreira ao JN.
A Secretaria de Estado para a Valorização do Interior (SEVI), instalada no Brigantia EcoPark, em Bragança, é vista por Jorge Fidalgo, presidente da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes e autarca de Vimioso, eleito pelo PSD, como um interlocutor próximo dos municípios.
"É bom ter um membro do Governo muito mais perto com quem se possa facilmente dialogar, por ter mais disponibilidade até em termos de agenda para falar com os municípios. Isto facilita", explicou o autarca, que defende que a Secretaria de Estado deve ser "um mensageiro junto de outros ministérios".
"Nunca ouvi falar"
A população é que não sabe que existe, nem para que serve, apesar de conhecerem das notícias a professora do Instituto Politécnico, Isabel Ferreira, por ser das investigadoras mais citadas do Mundo.
"Nunca ouvi falar. Não fazia a mínima ideia de que há uma Secretaria de Estado em Bragança", garantiu Elsa Marques, comerciante.
Também há quem tenha uma ideia, ainda que vaga, como é o caso de Tânia Fernandes, proprietária de um café, que sabe onde se localiza e considera ser importante. "Acho bem que esteja fora de Lisboa. Nunca fui lá, mas haver alguém de cá no Governo deve valorizar a região", defende.
pRoXIMIDADE
Quem faz um balanço "positivo" do que se alcançou com a descentralização do Ministério da Coesão Territorial é a própria Isabel Ferreira, considerando que "conseguiu-se colocar no terreno medidas transformadoras". A secretária de Estado, de 47 anos, que foi para o Governo mas conseguiu ficar em "casa", diz que isso a obrigou a calcorrear Portugal de lés a lés, avaliando no terreno como Portugal "é um país altamente assimétrico".
A permanência em Trás-os-Montes, se por um lado obrigou a grandes e constantes deslocações para outras regiões, também trouxe vantagens. "Permitiu ter transmontanos a trabalhar na Secretaria de Estado que de outra forma não iriam para Lisboa, porque o custo de vida não compensa. São pessoas que conhecem bem o Interior porque sempre fizeram vida aqui", explicou.
Outra vantagem que destaca da Secretaria descentralizada "é a proximidade com muitos interlocutores", vincou. Começar do zero em Bragança foi para Isabel "um estímulo", mas realça que "já havia o plano de coesão territorial, que vem do anterior Governo e a Secretaria de Estado da Valorização do Interior já existia, mas estava no Ministério da Economia em Lisboa". A sua ação passou por rever o programa "para que tivesse mais impacto no interior, com medidas específicas e recursos financeiros", explicou.
Outras secretarias de Estado em Castelo Branco e Guarda
Portugal tem mais duas representações governamentais no Interior. A Secretaria de Estado da Conservação da Natureza, Florestas e Ordenamento do Território está localizada em Castelo Branco e é liderada por João Catarino, natural de Proença-a-Nova. Também na Região Centro, mas na cidade da Guarda, está instalada a Secretaria de Estado da Ação Social, cuja titular da pasta é Rita da Cunha Mendes, natural de Aguiar da Beira.