Candidatos trocaram acusações sobre aborto, divergiram no apoio a Costa e concordaram com alargamento do prazo para o PRR se for necessário.
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As “linhas vermelhas” que já marcaram as legislativas dominaram, esta sexta-feira, um debate entre quatro candidatos às europeias. Catarina Martins atacou Sebastião Bugalho com as negociações que diz estarem em curso entre o Partido Popular Europeu (PPE) e a extrema-direita, e o cabeça de lista da AD garantiu à candidata e ex-líder do Bloco que as linhas vermelhas “são intransponíveis”.
O confronto na TVI incluiu ainda os candidatos do PS e do PAN, respetivamente Marta Temido e Pedro Fidalgo Marques.
Quando se prevê o reforço da extrema-direita, Catarina avisou que “nunca a Comissão teve tanto poder (...), nem no tempo da troika”, e que “vai ter mais peso da extrema-direita”. E atribuiu particularmente a Sebastião Bugalho a ideia de que “há uma extrema-direita boa e uma extrema-direita má”.
“As nossas linhas vermelhas são intransponíveis”, garantiu o candidato da AD. Notando que as linhas vermelhas de Ursula vonder Leyen, presidente da Comissão, são “o respeito pelo Estado de direito, pelo europeísmo e a defesa da Ucrânia”, assegurou que as suas “são exatamente as mesmas”. E que “não serão quebradas”.
“Desculpa jurídica”
No aborto, prometeu que “não haverá um único retrocesso nos direitos das mulheres”, após ter sido atacado pelo facto de PSD e PP terem estado contra a inclusão do direito ao aborto na carta dos direitos fundamentais. “Do ponto de vista civilizacional, não consigo entender como este direito não deve constar na carta dos direitos fundamentais”, criticou Temido, ex-ministra da Saúde. O candidato da AD alegou que o aborto “é um equilíbrio entre os dois direitos. Colocá-lo isolado na carta dos direitos fundamentais seria errado juridicamente”. “A desculpa jurídica é só uma desculpa” retorquiu o BE.
Outro tema foi a eventual candidatura de António Costa ao Conselho Europeu, que não foi constituído arguido (ler última página). Temido aplaudiu “a excelente notícia”, dizendo ser o melhor candidato. “Não estou aqui para fazer campanha pelo senhor António Costa, nem a favor nem contra”, respondeu Bugalho. BE e PAN não se comprometem.
Houve, pelo contrário, consenso quanto a apoiar Portugal se precisar que seja alargado o prazo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Já Pedro Fidalgo Marques, cabeça de lista do PAN, defendeu que “não podemos ficar reféns do défice e da dívida”, mas sim “mudar a narrativa”. Pede investimento em saúde, inovação, ciência e contra as alterações climáticas.