A Junta de Freguesia do Lumiar condenou esta tarde a ação de protesto levada a cabo por ativistas do Climáximo no campo de golfe daquela freguesia em Lisboa, considerando-a um ato de vandalismo de um espaço que diz ser regado apenas com água da chuva.
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O presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Ricardo Mexia, condenou esta quinta-feira, em comunicado, a ação de protesto de um grupo de apoiantes do Climáximo no Campo de Golfe do Paço do Lumiar, em Lisboa, falando de vandalismo. Segundo o autarca, o espaço é regado apenas com água recolhida da chuva - através de um sistema de rega "avançado" para uma utilização inteligente dos recursos hidrícos -, desviando qualquer impacto ambiental criticado pelos ativistas.
"A ignorância é de facto lastimável, uma vez que neste campo de golfe toda a rega é feita apenas com água da chuva", afirmou o autarca, citado no comunicado.
Na última noite, de quarta-feira para quinta-feira, um grupo de apoiantes do coletivo por justiça climática encheu com cimento vários buracos do campo de golfe em protesto pelo custo ambiental destes espaços, como o uso abundante de água "enquanto a população sofre com a seca e as ondas de calor", apontou o Climáximo numa mensagem enviada às redações, na qual o coletivo reivindicou a ação.
Os ativistas criticaram ainda a utilização destes espaços pelas elites ao invés de serem "convertidos em floresta, habitação, hortas urbanas ou qualquer tipo de uso público". Algumas bandeiras do mesmo campo foram substituidas por outras com o mote "Desarmar as armas".
Para o autarca, "o facto de os ativistas não estarem bem informados e de ignorarem os factos não pode servir para desculpabilizar atos de vandalismo e danos da propriedade", pelo que condenou "veementemente" o protesto no campo de golfe que aponta ser "um exemplo em termos de sustentabilidade ambiental".
Além da água utilizada para a rega ser reaproveitada da chuva, o autarca notou também que o campo de golfe foi construido no espaço de uma antiga quinta abandonada, passando de uma zona inacessível para um espaço de lazer desportivo que "alterou para melhor a arquitetura paisagista daquela área da cidade". Ricardo Mexia reiterou ainda o compromisso da Junta para com a sustentabilidade ambiental.
"Não nos iremos desviar desta causa ainda que outros enveredem por caminhos ignorantes e destrutivos, que só podemos lamentar e condenar", advertiu.
Confrontado pelo JN com o facto da rega do campo de golfe ser autossuficiente, fonte oficial do Climáximo salientou que "a água doce, inclusive a água da chuva, é um recurso cada vez mais escasso", insistindo, por isso, na necessidade de "uma gestão democrática da água" e uma utilização que priorize "gastos essenciais face a gastos desnecessários e de luxo".
O coletivo lembrou ainda que o país enfrenta uma "seca prolongada", alertando para o risco que o Algarve corre de não ter, em breve, água suficiente para a população - sendo esta uma região onde exitem vários campos de golfe.
"Uma instituição pública escolher e defender a utilização de água doce para manter um campo de golfe ao invés de a gerir para o bem das pessoas e utilizações básicas e necessárias à sociedade, constitui num ataque à vida", acusou a mesma fonte.