Fundos europeus do Norte 2020 destinam 61 milhões de euros a oito infraestruturas e 33 projetos. Tudo tem de estar pronto até 2023.
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A investigação científica e clínica sobre o cancro é um dos maiores projetos financiados pelos fundos europeus do Norte 2020 e que serão hoje apresentados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). Cerca de 60 cientistas do Porto, Minho, UTAD, Cávado e Ave ou Bragança receberão 61 milhões de euros de Bruxelas. Quando estiverem no terreno, vão acelerar a taxa de execução dos projetos de ciência, que em fevereiro era de 36%. O trabalho, agora, será contrarrelógio: até 2023, os 33 projetos e oito infraestruturas terão que estar prontos.
Entre os maiores projetos está o P.CCC, o Centro Compreensivo de Cancro do Porto, do i3S e do IPO, que envolverá entre 200 e 300 doentes. Os quase 15 milhões de euros do Norte 2020 vão alavancar um investimento de 17,6 milhões, sobretudo na compra de equipamento. "A tecnologia avança muito depressa, precisamos de a acompanhar para sermos competitivos", explicou ao JN Cláudio Sunkel, diretor do i3S.
Entre os equipamentos a comprar está uma máquina de ressonância magnética que permitirá estudar a evolução de células tumorais em ratinhos. Com isso, diz o investigador, não só se reduz o número de ratinhos utilizados como se percebe o ritmo da evolução ou de metastização do cancro.
Além disso, serão comprados microscópios - para acompanhar a evolução de células, ver como se tornam malignas, se proliferam e se comportam - e aparelhos de espetrometria de massa, que permitirão perceber o papel de certas proteínas na transformação de uma célula saudável numa célula cancerígena ou na sua capacidade para se multiplicar. "Se souber qual o papel de uma proteína, posso desenvolver uma terapêutica que interaja com essa proteína e anule o seu efeito", explicou.
É aqui que entram em cena dois outros projetos: o Cryo-EM, do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia que permitirá compreender a estrutura tridimensional das proteínas; e o PT Open Screen, uma biblioteca de compostos biológicos que permitirá testar nas proteínas já identificadas o efeito de "centenas de milhar" de compostos como extratos de algas, plantas ou micro-organismos - e daí desenvolver novas terapêuticas.
imprimir painéis eficientes
É da Universidade do Minho que chega outro projeto apoiado pela Europa. Manuela Almeida, investigadora no Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Engenharia de Estruturas, quer solucionar três problemas de uma vez: melhorar o desempenho térmico de edifícios, torná-los (mais) autossuficientes em termos energéticos e resilientes a tremores de terra.
O Zero Skin + implicará a compra de uma impressora 3D, que fabricará os painéis que revestirão os edifícios a reabilitar. A inovação virá da composição dessas telas. "Vamos utilizar polímeros e fibras naturais". Quais, ainda está por estudar, mas é certo que vai incorporar plástico reciclado. Estes painéis serão entremeados por fotovoltaicos, para fornecer eletricidade ao edifício.
Plantas autóctones para melhorar olival
O olival transmontano pode ser melhorado se o Politécnico de Bragança encontrar a combinação ideal de plantas autóctones. As vantagens, disse a investigadora Paula Batista, são várias: sendo autóctones , estão adaptadas ao solo e podem enriquecê-lo, física, química e biologicamente; e podem atrair insetos "benéficos", predadores de organismos como a mosca da azeitona (menos pesticidas). Inclui sensores que analisam o solo e dizem quanto e que fertilizante deve ser usado.
Biopolis está em fase final de análise
A Universidade do Porto diz que o projeto já arrancou com dinheiro do Horizonte 2020. Agora, o orçamento será reforçado com 15 milhões do Norte 2020. Junta o CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), a Universidade francesa de Montpellier e a Porto Business School. Quer ser um centro de excelência na área da biologia do ambiente, ecossistemas e agrobiodiversidade.
Taxa de execução de 36% em fevereiro
A taxa de execução de projetos de ciência apoiados pelo Norte 2020 era de apenas 36%, em fevereiro. Estavam em curso 158 projetos financiados com 76,7 milhões de euros. Somam-se agora 61 milhões.