Rui Rocha, candidato à liderança da IL, considera que o único condicionamento das eleições internas é "insistir num calendário mais curto" e recusar o adiamento da convenção para janeiro, defendendo que seria bom para o partido se aparecessem mais candidaturas.
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Rui Rocha e Carla Castro, ambos deputados e ambos da atual comissão executiva do partido, são até ao momento os dois candidatos conhecidos à liderança da Iniciativa Liberal (IL) nas eleições antecipadas e às quais João Cotrim Figueiredo não se recandidata.
Em declarações à agência Lusa, o candidato recusa aquilo que diz ser uma "narrativa que interessou apresentar", e que "prejudica o partido porque não é isso que se passa", de que João Cotrim Figueiredo, que lhe manifestou apoio, o escolheu para a sua sucessão.
Rui Rocha garante não ter existido "nenhum tipo de condicionamento" do processo por parte do ainda líder, como acusou a sua opositora Carla Castro. "Parece-me que condicionar o processo é insistir num calendário eleitoral mais estreito, mais curto. Isso sim é condicionar o processo", contrapõe. O candidato pretende, se for eleito, fazer uma revisão estatutária no partido.
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Em causa está a proposta que fará ao Conselho Nacional de domingo -- e contra a qual Carla Castro já se manifestou -- para que a convenção se realize apenas em janeiro, um mês depois da data prevista, defendendo Rui Rocha que "a equidade do processo interno traduz-se na existência de um prazo razoável, suficientemente alargado para que todas as candidaturas possam avançar".
Lembrando que deu conta desta sua intenção ainda antes de a sua opositora ter anunciado a sua candidatura, o deputado liberal explica que a existência de uma segunda candidata "não esgota o propósito dessa proposta" que é o de todos poderem ter "condições para avaliar, para ponderar, para tomar o seu tempo e, se entenderem, apresentarem-se".
"Seria bom para a Iniciativa Liberal que, para além das duas candidaturas que estão no terreno, pudessem aparecer mais. Acho que seria um sinal muito bom de vitalidade da Iniciativa Liberal", defende, considerando que esta disputa interna é "uma enorme oportunidade" para o partido e que o debate vai ser elevado.
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Na análise do dirigente liberal sobre o processo destas eleições antecipadas, havia uma preocupação de João Cotrim Figueiredo "virada para fora", ou seja, que face à sua decisão de sair da liderança "não houvesse a perceção de que a Iniciativa Liberal não tinha solução".
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Assumindo que soube da intenção de Cotrim Figueiredo sair cerca de 15 dias antes de ter sido tornada pública, mas deixando claro que não falou apenas consigo, Rui Rocha explica que fez a sua reflexão e encontrou a motivação para este desafio, deixando claro que decidiu avançar porque confia no "partido, nas pessoas do partido e no potencial de crescimento" da IL.
"Eu não sou hipócrita e, portanto, tendo condições para avançar, avancei. Seria uma hipocrisia saber da intenção do João, ter pensado, ter a motivação para isso, ter decidido e depois por motivos táticos atrasar o anúncio", responde, garantindo que não se arrepende de ter anunciado a sua candidatura cerca de uma hora depois de se saber da saída do ainda líder porque "não havia nenhum propósito de esconder".
Em declarações à agência Lusa na semana passada, Carla Castro acusou João Cotrim Figueiredo de ter condicionado todo o processo das eleições antecipadas pela forma como o conduziu e pelo apoio imediato a Rui Rocha, não vendo qualquer necessidade de adiar a convenção eletiva para janeiro porque o problema das datas foi esse "condicionamento" e os 15 dias antes em que algumas pessoas souberam.