"Não tenho pressa nem me preocupa. Não me quero meter no assunto". É assim que António Capucho, um dos fundadores do PSD e militante entre 1974 e 2014 - data em que foi expulso do partido, por ter apoiado uma candidatura independente à Câmara de Sintra - comenta o seu processo de refiliação, anunciado em setembro. Diz que a decisão "tem de ser tomada em definitivo antes do próximo Congresso, por que são esses os prazos do regulamento interno".
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"Acho que a minha refiliação não vai ser rejeitada, até porque a última palavra compete ao secretário-geral [José Silvano] e o meu proponente é o dr. Rui Rio. Mas, se rejeitarem, rejeitaram. Paciência", diz Capucho. O antigo ministro de Mário Soares e Cavaco Silva esclarece, contudo, não ter "vontade nenhuma" nem "paciência" para ir ao Congresso de Viana em fevereiro.
"A partir do momento em que a eleição do líder é feita, o interesse é reduzido. Não há debates, é uma sucessão de monólogos infernais e já não dou para esse peditório há muito tempo". Capucho, recorde-se, não poderá participar na votação do novo líder mesmo que seja readmitido antes de 11 de janeiro, por não ter seis meses ininterruptos de militância.
O ex-militante do PSD explica em que ponto está o processo para voltar a adquirir esse estatuto: "Enviei a ficha de inscrição, como é legítimo em termos estatutários, para a Direção Nacional do partido. Agora, a direção tem de o remeter à Concelhia - que já emitiu um parecer recente negativo, embora não se conheçam os termos - e vai ter de fundamentar a posição de desaconselhar a minha filiação. Embora a direção da secção de Cascais do PSD tenha mudado, é a mesma gente. Se mantiverem a posição, como é expectável, o assunto transita para a Comissão Política distrital, que decidirá mas ainda não em definitivo: caso aprovem, volto a ser militante; caso não aprovem, ainda vai para o secretário-geral", resumiu.
PSD Cascais diz que pedido ainda não chegou
Contactado pelo JN, Nuno Piteira Lopes, líder da Concelhia do PSD Cascais, disse que este é um "não assunto", acrescentando, contudo, que "até à data não deu entrada na secção qualquer pedido de admissão de um eventual novo militante referente a António Capucho". Piteira Lopes considerou ainda ser "inoportuno estar a comentar este tipo de questões internas e menores", uma vez que o partido está "a atravessar um período eleitoral".
O regresso de Capucho foi encetado em articulação com Rui Rio, líder do PSD, embora a secção de Cascais do partido tenha, em setembro (ainda sob a liderança de Manuel Basílio Castro, entretanto substituído por Piteira Lopes) informado que não aprovaria a entrada.
"Ninguém no PSD tem o meu currículo"
"Não há outro militante que tenha o meu currículo em termos de diversificação de ocupação de cargos", diz António Capucho, garantindo que tem recebido "manifestações de grande regozijo", vindas de todos os quadrantes do partido, devido à possibilidade de refiliação. Apesar de ser apoiante de Rio, Capucho acredita que "qualquer um dos outros dois candidatos [Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz] vê com bons olhos o meu regresso".
António Capucho revela ainda que não se arrepende de ter apoiado o PS de António Costa nas legislativas de 2015: "Na altura, estavam reunidas as condições para o fazer. Hoje não o faria. A partir do momento em que o dr. António Costa, à revelia daquilo que eu presumia - e tinha fortes indicadores nesse sentido - celebrou os acordos da "geringonça", eu afastei-me publicamente" do PS, conclui.