Remetido quase ao silêncio total desde fevereiro de 2018, altura em que abandonou a liderança do PSD e abdicou do lugar de deputado, Passos Coelho aparecerá pela segunda vez em público. O propósito é a apresentação do livro intitulado "Vento Suão: Portugal e a Europa" do anterior comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação e atual administrador executivo da Fundação Gulbenkian, Carlos Moedas.
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A apresentação da obra irá ocorrer na terça-feira, dia 18 de fevereiro, em Lisboa. A intervenção do ex-primeiro ministro será efetuada uma semana depois do congresso do PSD .Passos Coelho já tinha tido uma breve aparição pública a 6 de janeiro, a poucos dias das eleições do PSD que consagraram a liderança de Rui Rio. O antigo primeiro-ministro esteve presente no lançamento de um livro de Luís Reis, mandatário de Luís Montenegro, o candidato à liderança que foi derrotado. Mas, na altura, recusou falar sobre política: "Estou fora de tudo isso", afirmou, na ocasião.
O livro de Carlos Moedas debruça-se sobre os anos em que a Europa enfrentou o Brexit, a crise dos refugiados, o terrorismo, as dificuldades na Grécia, populismos de diversos tipos e geografias e um crescimento do eurocepticismo."Vento Suão: Portugal e a Europa" é dedicado a Pedro Passos Coelho. O autor escreve "a quem o país tanto deve, pela inspiração e amizade", na primeira página do livro.
O prefácio é assinado por Jean-Claude Juncker, ex-presidente da Comissão Europeia. Juncker recorda "quando assumi as minhas funções de presidente da Comissão Europeia em 2014, a Europa estava fragilizada pela pior crise financeira, económica e social que conhecemos depois da Segunda Guerra Mundial. Os Europeus estavam legitimamente cansados desses longos anos de crise e tinham direito a ver, por fim, verdadeiras mudanças. Os enormes esforços que tinham feito deviam poder garantir-lhes, graças à Europa, um futuro melhor. E eu queria, em particular, prestar aqui homenagem a todos os portugueses, e sobretudo aos mais modestos entre eles, que contribuíram para esse grande esforço coletivo e que fizeram prova de uma capacidade extraordinária", escreve no prefácio do livro "Vento Suão: Portugal e a Europa". A Moedas dedica palavras de apreço. "A ação de Carlos em todos os domínios honrou a Europa e honrou Portugal", disse.
A obra será a reunião das 75 crónicas que foram publicadas no jornal "Correio da Manhã", onde escreveu semanalmente na qualidade de comissário europeu para a Ciência e Inovação. O autor partilhou que o "principal propósito desta coluna foi trazer as grandes questões europeias ao nosso debate público, de uma forma simples e acessível".
Numa nota pessoal, Carlos Moedas diz porque chamou Vento Suão a este seu livro: "em homenagem ao meu pai, um homem que durante toda a vida lutou pela liberdade e que por muitos anos assinou uma coluna no Diário do Alentejo com o mesmo nome. Essa brisa quente e suave vinda do Sul era para ele um convite a uma salutar inquietude, um sinal que nos lembra que na vida nada pode ser dado como certo. Esta menção não poderia estar mais ajustada à União Europeia".