O PS foi obrigado a um pedido público de desculpas a Edson Athayde e aos implicados na campanha, depois de a segunda vaga de cartazes ter voltado a incendiar as redes sociais.
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As mensagens sobre o desemprego que foram afixadas sexta-feira não são da autoria do criativo brasileiro, mas de uma agência do Porto. "Estes outdoors não faziam parte do plano inicial. Pretendiam ser uma operação-relâmpago, pontual, que apareceria só nalguns locais, só para reagir aos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística", revelou fonte do partido ao JN.
Sucede que os cartazes contêm múltiplos erros: desde a mulher que está desempregada há cinco anos, ou seja, desde o Governo de José Sócrates, até - soube-se sexta-feira, pelo jornal digital "Observador" - à rapariga que acusa o PS de ter-lhe inventado uma história e de ter publicado a sua imagem sem autorização. Houve também críticas por parte dos Precários Inflexíveis, que acusam os socialistas de estarem a fazer o jogo do Governo ao terem usado números errados. Os precários, dizem, não são 200 mil, mas 800 mil.
O PS, desde a direção do partido à direção da campanha - que, durante todo o dia, recusou fazer comentários, protelando todas as explicações para uma conferência de Imprensa na próxima segunda-feira - assinou uma nota já depois das 22 horas. "O PS pede desculpas públicas, em especial às pessoas implicadas". A nota esclarece que os cartazes não são da autoria de Edson Athayde e adianta que "o PS solicitou já esclarecimentos pormenorizados aos fornecedores e prestadores de serviços, bem como todas as informações necessárias a que se possa avaliar o procedimento".
O JN sabe que Athayde já fora afastado da campanha, estando confinado aos tempos de antena.
Edson pode bater com a porta
Ao contrário do que chegou a ser noticiado no início da semana passada - quando rebentaram as primeiras críticas ao trabalho do publicitário que, em 1995, assinou a campanha que deu a vitória a António Guterres - Edson Athayde poderá não ser substituído pelo PS, mas ser ele próprio a bater com a porta. "Está farto de ver o trabalho criticado e tem um percurso para defender", disse fonte do partido ao JN, ainda antes de ser conhecido o pedido de desculpas.
Quem aparentemente não tem desculpa, assegura a mesma fonte, é o diretor de campanha, Ascenso Simões. "A escolha do nome não foi unânime. E com a polémica dos cartazes e a opção pela falta de reação, há quem pense, no partido, que ele fez um trabalho importante no passado, mas já está datado, porque não conseguiu adaptar-se a este tempo em que uma resposta não pode ser adiada três dias".
Ouvido pelo JN, Rui Calafate, especialista em comunicação política, considera que "não há ideias na campanha do PS, só os erros dos cartazes. É isso que está a marcar a agenda política e isso é grave", diz, ressalvando que "o desastre é difícil de entender", uma vez que "há ali muito talento envolvido".
Para António Galamba, público apoiante de António José Seguro, a explicação é simples: "Há dois problemas, não foi feita uma avaliação do impacto que teriam as mensagens e há subvalorização do poder das redes sociais, enquanto os outros as usam para contrainformação", elevando a fasquia da vitória exigida a António Costa.