Dentro de seis meses, o Ministério da Segurança Social deverá atribuir cartões eletrónicos sociais a 30 mil pessoas carenciadas, no âmbito de um projeto piloto. Esta solução já foi adotada pela Cruz Vermelha Portuguesa, junto de 3109 pessoas, há cerca de um ano.
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Em declarações anteriores ao JN, o Ministério disse que os cartões irão "coexistir com a modalidade de cabazes alimentares", embora não tenha adiantado em que moldes. Favoráveis à utilização exclusiva de cartões, os assistentes sociais defendem que possibilitarão às pessoas mais carenciadas comprarem aquilo de que mais necessitam e de que mais gostam.
No caso da Cruz Vermelha, os utilizadores dos cartões dão prioridade à compra de carne, peixe, frutas, vegetais e laticínios. E depois a produtos de higiene, para a casa e material escolar. Uma assistente social da instituição em Coimbra, contou ao JN, no início deste mês, que uma família tinha comprado bife de carne de vaca, porque já não comia há muito tempo.
Além da liberdade de escolha, os assistentes sociais consideram que a adoção de cartões permitiria às pessoas mais vulneráveis não serem estigmatizadas, ao estarem expostas em filas para levantar os cabazes. Por outro lado, não teriam de pedir a familiares ou a amigos para lhes guardarem os congelados, por não terem arcas, ou evitaria que os alimentos se estragassem, quando não têm essa rede de apoio.
O Cartão Dá, da Cruz Vermelha, atribui o saldo de acordo com o número de elementos do agregado familiar. O valor pode oscilar entre 50 e 100 euros, a que acresce uma majoração de 10% por cada elemento do agregado nas famílias mais numerosas. Por enquanto, só pode ser utilizado nos supermercados Continente.