Liga corre para recuperar tempo perdido. Norte esteve meio ano sem exames. No primeiro semestre, foram observadas 91 mil mulheres e encaminhadas para o hospital 821. Detetados tumores maiores.
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As 19 unidades de rastreio do cancro da mama da Liga Portuguesa Contra o Cancro - Núcleo Regional do Norte (LPCC-NRN) estão a realizar cerca de 900 exames por dia - valor muito próximo dos mil que eram feitos antes da pandemia -, tendo sido observadas neste primeiro semestre do ano cerca de 91 mil mulheres. Destas, 820 foram encaminhadas para o hospital para exames complementares.
Por conta dos seis meses em que o serviço esteve suspenso - primeiro, por causa da pandemia e, depois, pelos constantes adiamentos por parte da Administração Regional de Saúde do Norte para renovar o protocolo de colaboração com a LPCC-NRN -, "foram detetados tumores maiores, que obrigaram a tratamentos mais agressivos", como admitiu Leopoldina Amaral, coordenadora do departamento de rastreio do cancro da mama. Isto porque durante o período em que não se realizaram mamografias milhares de mulheres não foram rastreadas e, com isso, centenas de casos suspeitos ficaram por diagnosticar.
Apesar da "corrida contra o tempo", Vítor Veloso, presidente do Núcleo Norte da Líga Portuguesa Contra o Cancro, chegou a admitir ao JN, em outubro, que seriam precisos "dois a três anos" para "recuperar o tempo perdido". Ainda assim, Leopoldina Amaral destaca que "tem sido feito um esforço enorme, fruto da dedicação de uma equipa de trabalho", para que o número de mamografias realizadas avance progressivamente.
Na unidade móvel de rastreio que há um mês está situada junto ao centro de saúde da Maia, na Avenida Luís de Camões, o número de mulheres atendidas, entre as 9 e as 17 horas, "varia entre as 45 e as 55 por dia", disseram ontem ao JN Maria João Pinto, 35 anos, e Liliana Pacheco, 38, técnicas de radiologia.
Investidos quatro milhões
"Isto só acontece graças à dedicação das equipas, porque há marcações de cinco em cinco minutos e ainda é preciso contar com o tempo necessário para a desinfeção dos espaços à entrada de cada pessoa", sublinhou Leopoldina Amaral.
Daí que, "tendo sempre presente e sendo fundamental a qualidade dos serviços prestados", a LPCC-NRN adquiriu uma nova unidade móvel de mamografia, que irá substituir a que cobre os concelhos da Trofa, de Santo Tirso e de Viana do Castelo.
Segundo a coordenadora do departamento de rastreio do cancro da mama da LPCC-NRN, "esta unidade está equipada com um mamógrafo digital preparado para tomossíntese [sendo possível observar a mama a três dimensões], com um sistema de comunicações que permite a receção em tempo real dos exames no centro de coordenação".
A LPCC-NRN tem ainda previsto, "até ao fim do ano, início do próximo, a aquisição de mais seis unidades para substituir outras mais antigas, o que ronda os quatro milhões de euros, fruto das doações feitas à instituição.
Detalhes
JN denunciou
Fez este mês um ano que o JN denunciou que o Norte estava sem rastreios ao cancro da mama, porque faltava renovar o acordo entre a Liga Portuguesa contra o Cancro e a Administração Regional de Saúde do Norte.
Verba desbloqueada
Foi a 10 de setembro de 2020 que em Conselho de Ministros foi aprovada "a realização de despesa relativa à repartição dos encargos decorrentes do rastreio oncológico do cancro da mama, para os anos de 2020 a 2023". As 19 unidades (15 móveis e quatro fixas) acabaram por reatar funções a 14 de outubro.