Catarina foi ajudar crianças em S. Tomé. Foi morta 12 anos depois por um empregado
Catarina Barros de Sousa foi brutalmente assassinada por um funcionário do hotel que geria há dois anos, em São Tomé, para onde rumou há mais de dez, para fazer voluntariado. O crime deixou a população em choque. O suspeito foi detido.
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A notícia da morte de uma cidadã luso-são-tomense na segunda-feira à noite - cujo funeral se realizou na sexta-feira no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, apanhou de surpresa aquele que é um dos países mais pacíficos de África - segundo um relatório do projeto Enact, financiado pela União Europeia, S. Tomé e Príncipe obteve no ano passado 1,88 pontos no índice de criminalidade organizada, numa escala de 1 a 10, sendo que a média do continente é de quase cinco.
A portuguesa é Catarina Barros de Sousa, 51 anos, há dois anos proprietária do Hotel Mucumbli, de turismo rural e ecológico, na Roça Ponto Figo, norte da ilha, onde foi encontrada morta com golpes de catana na cabeça e pescoço. O autor confesso do crime, de 38 anos, detido na quinta-feira pela Polícia Judiciária local e colocado em prisão preventiva pelo tribunal, era jardineiro da unidade hoteleira onde ambos trabalhavam. Embora a investigação esteja ainda em curso, o JN sabe que poderá ter atuado por vingança, depois de uma parte do seu salário ter sido descontado devido a faltas injustificadas ao trabalho. Pelo crime de homicídio qualificado, repudiado pelos Executivos são-tomense e português, enfrenta uma moldura penal que chega aos 25 anos de prisão.
Catarina deixou a vida em Portugal há 12 anos para ser voluntária em São Tomé, onde trabalhou sobretudo com crianças. Entre empregos que teve para se manter financeiramente, como a empresa de aviação Africa's Connection e a fábrica de chocolate Cláudio Corallo, esteve ligada à obra da Irmã Lúcia Cândido - a freira portuguesa que assentou arraiais na cidade de Neves, a cerca de 30 quilómetros da capital são-tomense, onde dedica a vida às necessidades dos mais novos e mais velhos.
A imprensa local descreve-a como uma figura amiga na região, onde regularmente se fazia deslocar de mota, sobretudo na cidade. Frei Ventura, responsável pelo Banco de Leite de S. Tomé e Príncipe, que segue para a ilha na próxima semana, destaca "uma presença solidária, exemplo de saber estar, acolhedora de todos, na discrição de quem está para servir e não para se servir".