Abstenção baixa no Alentejo, única região com dois candidatos. António Cunha é o novo presidente no Norte.
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Sem surpresas, à exceção do Alentejo, os candidatos a presidente e vice-presidente das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) foram eleitos por um colégio de autarcas. E também sem surpresa, os votos de protestos multiplicaram-se, sobretudo no Norte, onde o acordo entre o PS e o PSD para a indicação de António Cunha foi mais contestado.
À hora a que o JN foi impresso, ainda não existiam resultados oficiais. Mas o regulamento da eleição indicava a entrega da vitória ao candidato sobre o qual "tenha recaído o maior número de votos validamente expressos", sem obrigar a uma votação mínima. Por isso, todos os candidatos estavam eleitos, à partida.
No Norte, o próximo presidente será António Cunha e, no Algarve, o eleito foi José Apolinário, antigo secretário de Estado das Pescas, cuja candidatura motivou a última remodelação governamental. Isabel Damasceno (Centro) e Teresa Almeida (Lisboa e Vale do Tejo) vão manter-se no cargo. No Alentejo, Ceia da Silva ganhou a Roberto Grilo.
Resultado local díspar
No Norte, o antigo reitor da Universidade do Minho foi eleito com variações grandes entre os concelhos. No Porto, dos 59 eleitores, teve o voto de 15; houve 17 em branco e 26 abstenções. O presidente da câmara portuense, recorde-se, foi um dos mais vocais opositores ao modelo de eleição acordado pelo PS e PSD. Uma ronda feita pelo JN pelos presidentes de câmara de algumas das maiores cidades da região mostra que, em Paços de Ferreira, o candidato único foi escolhido por 37,5% dos eleitores; e na Póvoa a fasquia foi de 32%.
O apoio foi mais expressivo noutras cidades. Em Braga e Famalicão, foi escolhido por 66% dos eleitores. Em Guimarães, foi eleito por 61%, com 28% dos eleitores a absterem-se. Em Gondomar, 30% dos autarcas não votaram e, em Bragança, Cunha recebeu o apoio de quase metade do colégio eleitoral: 47%.
Esquerda em protesto
O Bloco de Esquerda invocou a "defesa de uma regionalização democrática". E o PCP denunciou como "logro" a "chamada democratização" das comissões. Os autarcas dos dois partidos votaram em branco, em protesto contra o modelo de eleição negociado entre o PS e o PSD - e o acordo para a indicação de candidatos.
Também o Livre boicotou o que chamou de "uma farsa com aspeto de eleição". O partido elegeu autarcas no Norte e em Lisboa.
Disputa
Ceia da Silva bate atual presidente e ganha Alentejo
Foi a única eleição disputada: Ceia da Silva (presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo) foi o nome acordado entre António Costa e Rui Rio, mas Roberto Grilo (atual presidente) teve as assinaturas suficientes para se candidatar. Contada a vontade dos eleitores, Ceia da Silva teve 508 votos, mais do que os 421 de Grilo. Houve 225 boletins em branco e quatro nulos. A abstenção foi de 10%.